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sábado, 6 de maio de 2017

ESPERA QUE VOLTE A PRIMAVERA NA FORÇA DA ORAÇÃO

Luiz Carlos Formiga


Em 1948, a cidade do Rio de Janeiro recebia a visita de moços congressistas e seus acompanhantes de outros Estados. (1) Dias felizes. Como era o Rio nessa época?
Faça retrospectiva com Alcione Nonato Buzar e Chico Anísio em Rio Antigo “Como Nos Velhos Tempos”. (2)
Era aquele bate-papo na esquina, com crianças na calçada, brincando sem perigo, sem metrô e sem frescão.
Naquela época se pegava o bonde 12 de Ipanema, para ver o Oscarito e o Grande Otelo, domingo, no cinema.
Havia o pregão do garrafeiro, Zizinho no gramado, o samba sincopado, o bonde, taioba, bagageiro, e o desafinado que o Jobim “sacou”.
Era época de Leopoldo Machado, casado com Marília Barbosa, companheira do seu ideal em todos os sentidos. Não tiveram filhos e decidiram fundar o “Lar de Jesus”, recebendo, desde a inauguração, trinta e duas crianças carentes desde os primeiros dias. Simultaneamente, fundaram o Centro Espírita “Fé, Esperança e Caridade”.
Ao atingirem à maior idade, as 32 “filhas” tornaram-se patrimônio da sociedade, tanto como exemplares donas-de-casa quanto eficientes funcionárias, mediante concurso.
Chico Anísio e Nonato dizem que todos ouviam a novela pelo rádio, iam a Lapa fazer lanche no Capela ou saborear um bife lá no Lamas. Como Deus a havia criado, a cidade não tinha aterro.
Foi num domingo ensolarado, no elegante Teatro João Caetano, completamente lotado, que teve início o Primeiro Congresso de Mocidades Espíritas no Brasil. Seu idealizador foi o Professor Leopoldo Machado.
As Sessões de estudos e debates doutrinários integrando jovens e adultos ocuparam, durante uma semana, o auditório e as dependências da Sociedade de Medicina e Espiritismo, na Avenida Rio Branco 4, 15° andar.
É bom recordar o Rio antigo quando havia baile com Valdir Calmon, ouvia-se o Trio de Ouro, com a Estrela Dalva do Brasil e se encontrava Sergio Porto com seu bom humor.
Participaram do Primeiro Congresso mais de quinhentas pessoas, entre jovens congressistas e seus acompanhantes.
Por sugestão do Professor Leopoldo Machado os participantes dos Estados foram carinhosamente hospedados nas residências dos seus confrades, como convinha a uma convivência fraternal.
O Rio era aquele onde havia programa de calouros com Ari Barroso e o Lamartine ensinava o Lá-lá-la gostoso.
Chico e Nonato nos fazem lembrar da Cinelândia estreando “E o Vento Levou”, recordam um velho samba do Ataufo, do carnaval com serpentina, da Copa Roca, de Brasil e Argentina, dos Anjos do Inferno e dos Quatro Ases e um Coringa.
A presença e a contribuição de Leopoldo ao Movimento Espírita no Brasil integram o patrimônio eterno da Doutrina dos Espíritos em nosso país, chegando a transpor fronteiras.
Ao ensejo do cinquentenário do Primeiro Congresso de Mocidades Espíritas no Brasil várias solenidades foram realizadas, tanto no Rio de Janeiro, quanto nos outros Estados.
 “São as palavras que orientam as mãos e os olhos. O primeiro ato de domínio exige que o dominado esqueça o seu nome, perca a memória do seu passado, não mais se lembre de sua dignidade, e aceite os nomes que o senhor impõe. A perda da memória é um evento escravizador. É por isto mesmo que a mais antiga tradição filosófica do mundo ocidental afirma que o nosso destino depende de nossa capacidade e vontade de recuperar memórias perdidas.” (Rubem Alves)
Leopoldo é o autor de “Uma Grande Vida”. Um Estudo Biográfico de Cairbar Schutel, Casa Editora O Clarim, SP.
Chico Anísio e Nonato cantaram “O Rio Antigo”. Disseram que naqueles dias “as valsas eram do Orestes e acontecia o som de fossa de Dolores”.
Pelas mãos de Brunilde M. do Espirito Santo, psicografia, Dolores, retorna com uma “Cantiga de paz”. Para seu deleite. (3)
Se quiseres sentir a paz dentro de ti, escuta meu irmão.
Faze silêncio, espera que volte a primavera na força da oração.
Transforma o teu soluço em riso de esperança no amanhã que vem.
Depois da tempestade surge sempre a bonança agora ou mais além.
Em tua longa estrada, só tu tens o poder de transformar espinhos em flores perfumadas, que ao sol da confiança enfeitem os teus caminhos.
Olhando ao teu redor verás que almas tristes te pedirão amor.
Tua tristeza esquece, sorri, ampara e aquece, seja o irmão quem for.
Sofrendo chuva e vento o trigo doura o campo, sem falar de sua dor e, assim que a nuvem passa, a terra generosa desabotoa em flor.
Imita a natureza que se desfaz em luz até o entardecer e, quando a noite chega, o céu acende estrelas, até o amanhecer.

1. Cinquenta anos depois.
2. Alcione.
3. Cantiga de paz

1 Comentários:

  • Bom dia!
    Profunda reflexão!
    Recordações felizes são gotas de luz
    orvalhando a alma imortal.
    Como a geração atual
    se recordará de
    sua juventude?
    As "crises" que burilam
    a alma também são nuvens
    que cobrem o sol
    da esperança.
    Obrigada por socializar!
    Abraço fraternal

    Por Blogger Juli Lima, às 7 de maio de 2017 às 03:19  

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