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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Mediunísmo e Sonambulismo


                                    
          Como ocorre hoje, também por ocasião do seu advento sofreu o Espiritismo ataques dos interessados em enfraquecê-lo. Muitos, o seu codificador Allan Kardec desconsiderou por entendê-los infantis. Dos que lhe mereceu atenção, dois publicou no “O livro dos Espíritos”, introdução, itens XVI e XVII, os quais analisamos.
          XVI: (...) “Segundo a primeira dessas teorias, todas as manifestações atribuídas aos Espíritos não seriam mais do que efeitos magnéticos. Os médiuns se achariam num estado a que se poderia chamar sonambulismo desperto, fenômeno de que podem dar testemunho todos os que hão estudado o magnetismo. Nesse estado, as faculdades intelectuais adquirem um desenvolvimento anormal; o círculo das operações intuitivas se amplia para além das raias da nossa concepção ordinária. Assim sendo, o médium tiraria de si mesmo e por efeito da sua lucidez tudo o que diz e todas as noções que transmite, mesmo sobre os assuntos que mais estranhos lhe sejam, quando no estado habitual” (...) Resumindo: as comunicações espirituais não teriam como fontes os Espíritos.
          Mesmo imbuído de muito boa vontade, não há como admitir tais observações, considerando-se;                  
          a) Por que poderiam manifestar conhecimentos “todos os que hão estudado o magnetismo”, se é comum encontramos médiuns sem conhecimento superior, incultos mesmo, ditarem páginas lúcidas, de português correto e em harmonia com o bem comum?                                   
          b) Como seria possível alguém “tirar de si mesmo e por efeito da sua lucidez”, no uso, portanto, de suas faculdades, o ridículo desejo de falar, gritar, gesticular desordenadamente em plena via pública, como é comum acontecer?             
          c) Se não são os espíritos, ou seja, inteligências estranhas que influenciam os médiuns, como explicar se algum, tomado “por efeito da sua lucidez”, consciente, portanto, se expresse, revelando opiniões divergentes, ora a favor, ora contra os princípios Espiritistas?                                   
            Allan Kardec que havia estudado o magnetismo por mais de 35 anos se manifestou: (...)  “Pode considera-se o sonambulismo uma variedade da faculdade mediúnica, ou, melhor, são duas ordens de fenômenos que freqüentemente se acham reunidos. O sonâmbulo  age  sob  a  influência  do  seu  próprio  Espírito;  é  sua  alma  que,  nos  momentos  de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos.  O  que ele externa tira-o de si mesmo.”(...) (1)                                                                                                    É o que se dá na regressão da memória, quando o individuo ao entrar em estado sonambúlico pode ver, ouvir, perceber, ou revelar um passado retido no seu inconsciente, sem, no caso, agir como médium. (...) “O médium, ao contrário, é instrumento de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem de si. Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu  próprio  pensamento,  enquanto  que o médium  exprime o de outrem. Mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também o pode fazer com um sonâmbulo.” (...) (2)
            Como vemos, pode ocorrer uma ou outra situação ao sonâmbulo, ou seja, como sonâmbulo terá sensações próprias e agirá por suas próprias faculdades, como médium, entretanto, estará exposto a uma inteligência fora dele.
             Melhor, seria, pois, que os detratores admitissem estarem os médiuns, sendo impulsionados por espíritos, seres inteligentes, do que aceitarem a esquisita façanha que: “o médium é o reflexo de toda a Humanidade, de tal sorte que, se as inspirações não lhe vêm dos que se acham a seu lado, ele as vai beber fora, na cidade, no país, em todo o globo e até nas outras esferas.” (3)
              Conclui, pois, o codificador no item XVII: “(...) “Alguns astrônomos, sondando o espaço, encontraram, na distribuição dos corpos celestes, lacunas não justificadas e em desacordo com as leis do conjunto. Suspeitaram que essas lagunas deviam estar preenchidas por globos que lhes tinham escapado à observação. De outro lado, observaram certos efeitos, cuja causa lhes era desconhecida e disseram: Deve haver ali um mundo, porquanto esta lacuna não pode existir e estes efeitos hão de ter uma causa.  Julgando então da causa pelo efeito, conseguiram calcular-lhe os elementos e mais tarde os fatos lhes vieram confirmar as previsões. Apliquemos este raciocínio a outra ordem de idéias. Se se observa a série dos seres, descobre-se que eles formam uma cadeia sem solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem mais inteligente.  Porém, entre o homem e Deus, alfa e ômega de todas as coisas, que imensa lacuna! Será racional pensar-se que no homem terminam os anéis dessa cadeia e que ele transponha sem transição a distância que o separa do infinito?  A razão nos diz que entre o homem e Deus outros elos necessariamente haverá como disse aos astrônomos que, entre os mundos conhecidos, outros haveria, desconhecidos. Que filosofia já preencheu essa lacuna? O Espiritismo no-la mostra preenchida pelos seres de todas as ordens do mundo invisível e estes seres não são mais do que os Espíritos dos homens, nos diferentes graus que levam à perfeição. Tudo então se liga, tudo se encadeia, desde o alfa até o ômega. Vós, que negais a existência dos Espíritos, preenchei o vácuo que eles ocupam. E vós, que rides deles, ousai rir das obras de Deus e da sua onipotência!.” (4)     
    
       Cachoeiro de Itapemirim, ES.                                                                        
      
       (1) – (2) - L. Médiuns, cap. XIV - 172
       (3)  - L.E. Introd - XVI
                                                                                                    

Domingos Cocco
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Cachoeiro de Itapemirim – Estado do Espírito Santo

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