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sexta-feira, 31 de julho de 2015

O céu e o inferno: 150 anos do lançamento por Kardec – 140 anos de lançamento no Brasil

Antonio Cesar Perri de Carvalho


Allan Kardec lançou a obra O céu e o inferno em Paris no dia 01/08/1865. A versão considerada final – 4ª. edição - surgiu em 1869 e sem o prefácio de Kardec. 


No Brasil, dr. Joaquim Carlos Travassos manteve correspondência com Pierre-Gaétan Leymarie, dirigente da Sociedade citada e redator de “Revue Spirite”, com o objetivo de traduzir as obras de Kardec. E lançou em 1875, pela Editora B. L. Garnier, O Céu e o Inferno, traduzido da 4ª edição francesa, sem o nome do tradutor. Em nosso país, com exceção da tradução pioneira e da realizada por Manoel Quintão, em 1904 (FEB), a maioria contém o Prefácio de Kardec, inclusive a mais recente tradução, de Evandro Noleto Bezerra.

Com as obras da Codificação, surge uma maneira de racionalismo espírita, com destaque para as colocações em “O evangelho segundo o espiritismo”, de que “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as etapas da humanidade”. Herculano Pires comenta que coube a Allan Kardec, a serviço do Consolador, libertar da letra que mata o espírito que vivifica. Ou seja, a religião dedutiva faz Deus baixar à terra e materializar-se em ritos e objetos; a religião indutiva faz o homem subir ao céu e desmaterializar-se, em razão e amor, para encontrar Deus. 

No Prefácio, ausente na 4ª. edição francesa (1869) e em muitas traduções, Kardec comenta: “O título desta obra indica claramente o seu objetivo. Nela reunimos todos os elementos destinados a esclarecer o homem quanto ao seu destino. Como em nossas publicações anteriores sobre a Doutrina Espírita, nada colocamos neste livro que seja produto de um sistema preconcebido ou de concepção pessoal, que aliás, não teria nenhuma autoridade. Tudo foi deduzido da observação e da concordância dos fatos”.

Em outro trecho esclarece: “As mesmas razões que nos fizeram omitir os nomes dos médiuns em O evangelho segundo o espiritismo, levaram-nos a omiti-los também nesta obra, tendo em vista mais o futuro do que o presente.”

A 1ª. parte trata de Doutrina, em 12 capítulos, contém o exame comparado das diversas crenças sobre: O porvir e o nada; Temor da morte; O céu; O inferno; O purgatório; As penas futuras segundo o Espiritismo; Os anjos; Os demônios; Intervenção dos demônios nas modernas manifestações. Com as penas eternas na visão espírita caem naturalmente as consequências que se acreditavam tirar de tal doutrina. Como as penitências, indulgências, e complexos de culpa.

Na 2ª. Parte, o Codificador analisou “Exemplos” e há numerosos casos que sustentam a teoria. A autoridade deles se baseia na diversidade dos tempos e dos lugares onde foram obtidos, porquanto, se emanassem de uma fonte única, poderiam ser produto de uma mesma influência. De início Kardec esclarece como se desenvolve o processo da desencarnação. Detalha algumas circunstâncias, lembrando que “A certeza da vida futura não exclui as apreensões quanto à passagem desta para a outra vida”. Em seguida, realizou um trabalho pioneiro de estudo das manifestações espirituais, cotejando-as com dados sobre a existência do manifestante, enquanto encarnado. Trata-se, portanto, do primeiro estudo de casos, de análise das manifestações espirituais, e de estudo de sobrevivência.

Sem pieguismo e adotando método de estudo, como em seus trabalhos em geral, analisa as manifestações dentro de uma classificação que estabeleceu de: Espíritos felizes; Espíritos em condições medianas; Espíritos sofredores; Suicidas; Criminosos arrependidos; Espíritos endurecidos; Expiações terrestres. Torna-se muito importante a compreensão dessas distintas situações de espíritos desencarnados. Esta classificação genérica formulada por Kardec chama atenção para essa relação entre a vida e morte corpórea e seus desdobramentos. O importante é o estado de alma e o nível e profundidade de como “a lei divina se encontra escrita na consciência” de cada um.

Por ocasião do centenário de O céu e o inferno, o espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, homenageou esta obra do Codificador, escrevendo Justiça divina, “com o propósito sincero de reafirmar-lhes os conceitos, [...] no serviço interpretativo da palavra libertadora de Allan Kardec”. Com base nos itens do livro agora sesquicentenário, Emmanuel tece considerações de orientação para a vida cotidiana. Entre outras afirma: “[...] prevenindo-nos para compreender as realidades da Natureza, no grande porvir, ensinou-nos Jesus, claramente: ‘O Reino de Deus está dentro de vós”.

O Espiritismo responde às dúvidas existenciais mais freqüentes. E à pergunta insistente que brota na alma humana: “para onde vou após a morte?”. O livro O céu e o inferno – que completa 150 anos de lançamento - é a resposta clara e fundamentada!

Fontes:

Kardec, Allan. O céu e o inferno. Trad. Bezerra, Evandro Noleto. 1.ed. Rio de Janeiro: FEB. 2010.
Pires, Herculano. O espírito e o tempo. Introdução histórica ao espiritismo. 1.ed. São Paulo: Ed.Pensamento, 1964.
Xavier, Francisco Cândido. Justiça divina. 13. ed. Pelo espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB. 2008.
Wantuil, Zêus. Grandes espíritas do Brasil. 1.ed. Rio de Janeiro: FEB. 1969.

(Transcrito de “O Consolador” – revista semanal digital, no 425, 2/8/2015)

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