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domingo, 19 de outubro de 2014

O ORIENTADOR E O JOVEM UNIVERSITÁRIO (*)

Luiz Carlos Formiga

Palavras-chave: valores éticos, espiritualidade, corpo, mente,
espírito, fato, cirurgia, reforma interior, paraíso.

Conta-se que no Japão, havia um jovem espadachim que pensava em sucesso e fama. Ele era amigo de um monge Zen. De grande destreza técnica, o jovem espadachim resolveu andar pelo país desafiando lutadores para ganhar sucesso-fama. Procurou o amigo monge para pedir-lhe a benção.
O velho monge fez-lhe proposta: -Lutaremos os dois com espadas. Se você me vencer, poderá ir com minha benção, mas se eu vencer você ficará aqui, como monge.
O rapaz riu da proposta “idiota”. Ele era o melhor espadachim da província e o monge nunca havia segurado uma espada. Mas, aceitou.
Para sua surpresa, foi rapidamente derrotado.
Ao honrar o compromisso do contrato realizado na proposta desafiadora, entrou para o mosteiro.
Diante da tempestade mental, o rapaz perguntou ao monge “como ele tinha feito aquilo”.
Esta é a pergunta mais honesta quando estamos diante do fato inusitado. O monge respondeu.
-“Ora, gafanhoto! As artes marciais e o Zen são dois caminhos para se chegar ao mesmo fim: a unidade entre o corpo, a mente e o espírito. Quem alcança isto sabe tudo sobre as artes marciais e o Zen, sem nunca ter praticado nenhum dos dois”.
No mosteiro o gafanhoto logo percebeu que um Mestre é alguém que reconhece não saber tudo e, por isso, é simples e humilde. Considera a vida um processo de educação, de evolução infinita. Não busca o sucesso e a fama, mas não corre temeroso dela.
***
Num Centro Espírita, como seria o diálogo entre um orientador e o jovem, utilizando alguns livros psicografados por Francisco Cândido Xavier?
Orientador  - o Espiritismo não tem chefes humanos e nenhum dos semeadores do seu campo, de multiformes atividades, é imprescindível no cenário de suas realizações. Estamos diante de uma “religião” de livre exame, sem poderes humanos que lhe domestiquem as manifestações.
Aprenda a evitar reclamações para não agravar dificuldades. Ela não lhe trará vantagem alguma. Comece evitando a impaciência. Você já viveu séculos incontáveis e está diante de milênios sem fim.
Continua o orientador: você está aqui para aprender a descobrir o que é um autêntico mestre, com os espíritos, como André Luiz. Chegando a essa condição futura, não sairá pelo campo desafiando adversários, pois uma pessoa espiritualizada  não é ser mais, mas tornar-se menos. Menos agressivo, menos vaidoso, menos autoritário, menos cobiçoso, menos invejoso.
Aquele que compreende o significado da espiritualidade só se preocupa em lutar consigo mesmo, pois a espiritualidade é o caminho do amor de Deus e da harmonia entre os homens. Serve para unir, e um autêntico mestre é a expressão máxima dessa união universal. Não existe o preconceito. Allan Kardec disse que o Espiritismo é uma questão de fundo; prender-se à forma seria puerilidade indigna da grandeza do assunto.
Encontrando a calúnia, esta não lhe causará feridas e cicatrizes, pois viverá de modo que ninguém acreditará no caluniador.
Compreendendo o significado de espiritualidade perceberá que o Espiritismo tem por missão a reforma interior, de cada um, fornecendo explicações ao porque dos destinos, razão pela qual os conceitos são desta forma, por ele, restaurados ou corrigidos. À medida que a responsabilidade se lhe apossar do espírito, se iluminara a consciência.
O jovem, desejando sorver mais do líquido, que refresca a cognição, pergunta: “quais são as bases desta reforma interior”?
Orientador - Desde a primeira hora da Doutrina Espírita, recomendam os Emissários da Esfera Superior, que a reforma de cada um de nós, se faça nas bases traçadas pelo Evangelho de Jesus. O Espiritismo ensinar-te-á como viver proveitosamente, em plenitude de alegria e de paz, ante o determinismo da evolução.
Esse conhecimento parece ser muito importante, diz o jovem.
Sim, diz o orientador.  O conhecimento espírita, na essência, é tão importante no reino da alma, quanto a alfabetização nos domínios da vida comum.  A Humanidade tem tanta necessidade do conhecimento espírita, como precisa de pão ou de antibiótico, que devem ser fabricados e armazenados antes que a infecção contamine o corpo ou que a fome apareça.
Como começou esse processo de educação para a espiritualidade? Perguntou o jovem vivamente interessado.
Orientador: Kardec começou o trabalho doutrinário publicando as obras da Codificação e instituindo uma sociedade promotora de reuniões e palestras públicas; uma revista e uma livraria para a difusão inicial da Revelação Nova.  O Espiritismo não dispensa as obras que lhe exponham a grandeza.   À medida que se nos intensifica a madureza de espírito, nos tornamos semeadores.
Dúvidas se apossam da mente do jovem que pergunta.
No terceiro milênio, os livros e artigos espíritas serão estudados nas Instituições de Ensino Superiores (IES)?
A Doutrina Espírita atravessará a barreira através da pesquisa científica e da Ética derivada dos resultados obtidos?
Professores universitários discutirão valores espíritas?
 Como o corpo discente pode ajudar a acelerar esse progresso moral?
Orientador: seu questionamento é procedente e podemos verificar que na origem, em O Livro dos Médiuns, o Espírito J.J.Rousseau tocou nesse ponto - “o Espiritismo é uma alavanca que afasta as barreiras da cegueira. A preocupação pelas questões morais está inteiramente para ser criada; discute-se a política que examina os interesses gerais, discutem-se os interesses privados, apaixona-se pelo ataque, ou defesa das personalidades; os sistemas têm seus partidários e seus detratores; mas as verdades morais, as que são o pão da alma, o pão da vida, são deixadas na poeira acumulada pelos séculos.”
Indaga o jovem: quebrou-se o átomo, mas qual o caminho para quebrar o preconceito?
Orientador: os caminhos são diversos e iniciativas diversas estão sendo feitas. Uma delas, criada por alunos na UERJ, que resiste à ação do tempo e da indiferença é o NEU.
O Núcleo Espírita Universitário, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, faz reuniões toda sexta-feira, 12 horas, na Sala 9090. Bloco F. Campus Maracanã. Por não ser atividade programada pela universidade, respeita o horário de trabalho.
O NEU-UERJ fez 16 anos e no dia 10 de outubro de 2014, teve como palestrante um cirurgião - Paulo Cesar Fructuoso - experiente em  materializações de espíritos.
O tema, título de livro,  “A Face Oculta da Medicina”, foi explanado em um dos anfiteatros, obtido com prévia autorização. Dr. Paulo Cesar descreve diversas experiências, nessa linha de pesquisa.
O jovem que desejar fazer contato deve enviar e-mail para neuuerj@bol.com.br . Alguns textos simples, visando divulgação, podem ser encontrados num Blog  http://neu-uerj.zip.net/ .
O livro referido traz fatos e testemunhos. Um fato é aquele onde o espírito materializado Dr. Stein faz uma cirurgia sem usar bisturi visível e sem a anestesia convencional.  Ele troca uma válvula mitral por uma nova, construída durante o procedimento. A complexidade da cirurgia pode ser comparada a troca de um pneu com o carro andando.
Neste fato encontramos o médium Gilberto Arruda; o Espírito Frederick von Stein;   as testemunhas - Ronaldo Gazzola e P. C. Fructuoso (cirurgiões); Luiz Augusto de Queiroz (cardiologista); José Carlos Campos (anestesista).
O exame da peça foi feito posteriormente por dois patologistas experientes.
Um dos Cirurgiões perguntou ao Dr Stein como ele tinha feito aquilo?
Voltemos ao ponto principal que é a “Boa Nova”.
Jovem: gostaria de saber se temos um bom exemplo e um guia seguro para essa trajetória evolutiva?
Orientador: Sim, a maior mensagem descida dos Céus para dignificar a vida e iluminar o coração, surgiu das palavras inesquecíveis de Jesus. No Espiritismo temos responsabilidade pessoal com o Cristo, com a Ética do Amor.
À medida que se nos dilata o afastamento da animalidade, para a integração com a Humanidade, o amor assume dimensões mais elevadas, tanto para os que se verticalizam na virtude como para os que se horizontalizam na inteligência. No entanto, é necessário orar e vigiar nosso interior.  Reconhecemos que toda criatura dispõe de oscilações mentais próprias, pelas quais entra em combinação espontânea com a onda de outras criaturas desencarnadas ou não. Ore e adote uma filosofia de vida, sendo útil em qualquer lugar, mas não guardando a pretensão de agradar a todos; não intente o que o próprio Cristo ainda não conseguiu. Não viva pedindo orientação espiritual. Se você já possui duas semanas de conhecimento cristão, sabe o que fazer.
Outro ponto que não pode ser esquecido é a espera inerte, pensando em cooperar no paraíso, posteriormente. É muito provável que, por enquanto, seja plenamente dispensável cooperação no paraíso. É indiscutível, porém, a realidade de que, no momento, o seu lugar de servir e aprender, ajudar e amar, é na Terra mesmo.
Informado pelo orientador que encontraria um norte manuseando as obras do Espírito André Luiz, o jovem concluiu que deveríamos agradecer ao Espírito, por nos convencer de que somos melhores do que pensávamos ser; por nos ajudar a descobrir o que fazer e ainda pela orientação de como fazer melhor.

(*) Texto da Palestra “O Mestre André Luiz”. Centro Espírita Jaques Schulam, Rua Visconde de Itamarati, 63 – Maracanã – RJ.RJ., em 18/10/2014.

Leitura adicional

Ética, Sociedade e o Terceiro Milênio. Revista Tendência do Trabalho.


Valores ético-espíritas


Histórico do NEU-UERJ





Livros de André Luiz utilizados para elaborar o diálogo orientador-jovem



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