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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

“De bom tamanho”. Sobre a missão dos pais

Luiz Carlos Formiga

"Como se pode definir a justiça? – A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um. O que determina esses direitos? – São determinados por duas coisas: a lei humana e a lei natural. Tendo o homem feito leis apropriadas ao seu costume e caráter, essas leis estabeleceram direitos que variaram com o progresso dos conhecimentos. Observai que as vossas leis atuais, sem serem perfeitas, já não consagram os mesmos direitos da Idade Média. No entanto, esses direitos antiquados, que vos parecem monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. O direito estabelecido pelos homens nem sempre, portanto, está de acordo com a justiça. Regula apenas algumas relações sociais, enquanto, na vida particular, há uma imensidão de atos unicamente inerentes à consciência de cada um.” (O Livro dos Espíritos – Questão, 875)


O grau de liberdade de imprensa piorou no Brasil em 2013, e o País é o pior das Américas em número de jornalistas mortos. A advertência foi feita nesta quarta-feira, em Paris, pela organização não-governamental Repórteres Sem Fronteira (RSF), que não poupou críticas ao Brasil e aos Estados Unidos. Em dois anos, o País despencou 12 postos na classificação, ocupando o 111.º lugar, por culpa dos riscos das coberturas de crime organizado e corrupção. (1)

Com nossos atos, por imprudência, podemos cometer erros. Isto pode acontecer no laboratório clinico, estando o profissional atuando com boas intenções. Daí a importância dos Centros de Referência, ajudando a prevenir demandas judiciais. (2). A conclusão é que, no fundo, o sofrimento maior recai sobre o paciente e familiares, quando o luto é difícil de aceitar.

Alguns costumam falar em fatalidade, mesmo quando a tragédia parece ter sido previamente anunciada, quando pessoas insistem em banhar-se diante dos cartazes – “é proibido nadar”. Imprudência, negligência ou imperícia? 

“Quem foi que mandou o seu amor se fazer de canoeiro? O vento que rola das palmas, arrasta o veleiro e leva pro meio das águas de Iemanjá. O mestre valente vagueia, olhando pra areia sem poder chegar. Adeus meu amor, eu não vou mais voltar”. (3) Se tivesse refletido com o vento que “rola”, teria feito outra opção.

.O pescador não tem medo. É segredo se volta ou se fica no fundo do mar. Ao ver a morena bonita sambando, se explica que não vai pescar. Deixa o mar serenar. (4)

Os autores do “homicídio doloso qualificado por motivo fútil, com auxílio de explosivo ”são “vitimas” da sociedade? São apenas jovens pobres manipulados por políticos? Se você disser que sim, estará flertando com a impunidade, esquecendo-se do livre arbítrio. O homem tem liberdade de escolha. As leis naturais estão escritas na consciência.

Três comportamentos quase sempre são encontrados, quando diante do erro: negligência, imprudência e imperícia.

Naquela quinta-feira ninguém imaginou ser possível inculpar os black blocs pelo crime hediondo. Os telejornais da Rede Globo na noite do crime e na manhã seguinte reproduziram reportagem de Bernardo Menezes, da Globo News, atribuindo aos policiais o disparo do explosivo. Quem pôs o equívoco no ar não atinou para o fato de que a fogueira ateada na cabeça do colega jamais poderia ter sido produzida por bombas de efeito moral ou granadas de gás lacrimogêneo. Faltou um átimo de sensatez para evitar a divulgação do engano. O hábito de denunciar a violência policial levou o erro ao ar. Errar é humano, está certo, mas o jornalismo responsável requer mais diligência.(5)

A imprensa tem o dever de noticiar os fatos de interesse público. O jornalista tem o dever de investigar os fatos que deseja publicar. No entanto, pode-se afastar a exigência de que a imprensa apenas divulgue fatos depois de ter certeza plena de sua veracidade, pois isto “significa engessá-la e condená-la à morte”, como relatou a Ministra Nancy Andrighi , em julgamento recente (19/8/2009).

Depois da imprudência, o canoeiro se deprimiu vendo o veleiro arrastado pelo vento, sem poder voltar. Diante das leis que regulam as relações sociais, os algozes do cinegrafista Santiago Andrade vão ter que desfiar colares de conchas pra ver a vida passar, atrás das grades.

Pode-se considerar a paternidade uma missão? A resposta diz que sim e que é ao mesmo tempo um dever muito grande, e que determina, mais do que o homem imagina, sua responsabilidade para o futuro. (Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - Questão 582)

Nossos pais fizeram o que puderam, diante de nossas tendências. Se você leitor puder oferecer à sociedade um filho que venha a ser “um homem de bem” (6) já estará de “bom tamanho”. As palavras da mulher e da filha de Santiago Andrade, divulgadas na WEB, nos deixam tranqüilos, quanto a missão paterna do cinegrafista. Como cidadão deixo à família o meu agradecimento. E, quanto aos pais dos indiciados? Oremos por eles.









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