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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ARTIGO ESPÍRITA: “A GRANDE TRANSIÇÃO – O SENTIDO DE URGÊNCIA”


Foto do perfil de Claudia Gelernter
Por Claudia Gelernter


Bem aventurados os mansos, pois herdarão a Terra!”.
Jesus



UM PEQUENO CONTO
Iniciamos este artigo relembrando um conto que foi trazido por Emmanuel, o orientador Espiritual de Chico Xavier, no prefácio do livro “Libertação”, de André Luiz.
Conta-nos o Espírito que, no centro de um jardim, existia pequeno lago, no qual viviam muitos peixes, de forma despreocupada, com gula e preguiça, refastelando-se com os alimentos que chegavam através da superfície das águas.
Dentre eles, existia um peixinho vermelho que, por ser menor, sofria perseguições, tendo de ficar muitas vezes sem alimentos. Tinha dificuldades em pescar até mesmo as mínimas larvas.
Os peixes maiores, mais vorazes e agressivos, retiravam dele qualquer oportunidade. Como não encontrava tempo nem espaço para diversões, o pequeno peixe passou a estudar com afinco a geografia do pequeno lago.
Estudou os ladrilhos, as bordas, os buracos do fundo e sabia, com precisão, onde ficava a maior parte da lama, quando nos aguaceiros.
Depois de determinado tempo, encontrou uma pequena grade do escoadouro. Diante da oportunidade, pensou: “Não seria melhor conhecer outras paragens?”. Apesar de muito magro, precisou espremer-se demasiadamente, chagando a perder algumas escamas, até que conseguiu ultrapassar a passagem estreitíssima.
Logo ficou encantado com as novas paisagens.
Chegando ao rio, contemplou nas margens, homens, animais, flores, florestas, cabanas, etc. E, como era ágil, logo alcançou o oceano.
Chegando lá, que surpresa! Foi abocanhado por uma enorme baleia, que, sem sequer notar, engoliu o pequeno peixe, junto de outros alimentos. Em apuros, o peixinho orou ao Deus dos peixes, rogando proteção e ajuda. Sua prece foi ouvida, pois a baleia começou a passar mal, chegando a vomitar a ultima refeição, que incluía o peixinho vermelho.
Agradecido e feliz, seguiu adiante em sua viagem, junto de outros peixes, aprendendo a evitar os perigos do caminho.
Totalmente transformado em suas concepções de mundo, reparava nas bênçãos da vida, na beleza do oceano, sua riqueza sem fim.
Indo residir num imenso coral, conheceu outros peixes, estudiosos como ele, que lhe contaram que o único local seguro para a vida, naquelas épocas, era o mar, visto que grande seca poderia assolar os terrenos no qual estava também o pequeno lago de onde viera.
Sabendo disso, o peixinho pensou, pensou, pensou... e foi tomado de imensa compaixão. Decidiu voltar e contar aos outros o que descobriu: de como seria importante que mudassem de vida, alterando os hábitos, a fim de passarem pelo estreito espaço da grade e, por fim, seguirem com ele, até o grande mar, com suas belezas e alegrias.
Assim o fez. Retornou, esforçou-se muito, e, chegando lá, chamou o Rei do lago para uma audiência, na qual explicou a todos tudo o que encontrou lá fora e dos perigos que se avizinhavam aos que ficassem no lago.
Todos riram do pequeno, debochando das suas profecias. Nunca iriam acreditar em algo tão radical. Além disso, para passarem pelo estreito espaço, teriam de perder muito peso, com enorme esforço.
Escorraçaram peixinho vermelho, que, entristecido, voltou ao lar dos corais, de onde nunca mais retornou. “Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca. As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama...” (EMMANUEL, 1949, p. 07)

EM PROL DA DÚVIDA E DO DESPERTAMENTO

Este conto traz, através de sua metáfora, a questão central deste texto: as robustas evidências de que precisamos mudar, urgentemente.
Para tanto, nos apoiaremos em autores idôneos, em estudos científicos, em dados filosóficos e históricos e, sobretudo , em escritos Espíritas.
Não se trata de um artigo apocalíptico.
Não iremos afirmar o fim do mundo.
Também não comentaremos que tudo já está perdido.
Porém, não podemos escrever com um otimismo ingênuo, como se tudo estivesse sob controle, afirmando que o período de transição será tranquilo, por ter em seu processo apenas a seleção natural dos Espíritos reencarnantes. Não.
Uma das obras principais que tomamos como base, se chama “A Grande Transição Planetária – o Sentido de Urgência”, de Denis Moreira. O livro é o resultado de uma pesquisa séria, de 19 anos, feita pelo autor, que é advogado e coordenador-geral do Grupo de Integração da atuação judicial na defesa do meio ambiente e da regularização fundiária na Amazônia legal, além de ser colaborador na implementação da Agenda Ambiental da Administração pública, na advocacia geral da União. Como se vê, não se trata de um livro feito às pressas, oportunista.
Também utilizamos diversas citações de autores Espíritas e não Espíritas, assim como informações contidas em outras linhas religiosas, por entender que se trata de uma questão universal e que, portanto, deve ser discutida à luz da universalidade, ou seja, através de todas as linhas de conhecimento humano.


TRANSIÇÃO PLANETÁRIA: DO QUE SE TRATA?

Primeiramente devemos esclarecer o que vem a ser Transição Planetária.
Podemos afirmar que se trata de sinergia de um conjunto de fatos e fenômenos que funciona como elo entre o fim de um ciclo evolutivo e o início de outro. No entanto, para mim, a melhor definição é que A Grande Transição é um estado de espírito, pois o choque dos acontecimentos promoverá uma profunda transformação no íntimo do que somos e do que seremos” (MOREIRA, p. 26)

Conta-nos Emmanuel, em sua obra “A Caminho da Luz”, que a primeira grande Transição pela qual passou nosso planeta refere-se ao surgimento da espécie humana, após a repercussão da mudança perispiritual no organismo de nossa espécie.
A segunda grande Transição coincide com a mudança de condição de planeta, que avança para uma era de regeneração.
É este o momento que será discutido aqui: a passagem da Terra de um mundo de provas e expiações para a categoria de mundo de regeneração.
Temos evidências robustas de que esta passagem pode não ser tão tranquila como alguns imaginam ser. Aliás, podemos começar perguntando: Vocês sentem que o tempo está passando mais rápido? Outra pergunta: Percebem que a sociedade está mais adoecida, com problemas psíquicos variados? E, ainda: Consideram pertinente dizermos que a humanidade tem atacado a natureza, causando enormes prejuízos à Terra?
Por último: – Entendem que a violência, a corrupção e a intolerância se mostram presentes e, talvez, em maior escala, na atualidade?
São perguntas rápidas que, acreditamos, podem ser respondidas sem muita reflexão. Basta-nos sair às ruas ou mesmo ligar a TV para termos contato com estas realidades.

SOCIEDADE PÓS-MODERNA E SUAS COMPLICAÇÕES:

Nunca, em toda a história humana, tivemos tantas anomalias psíquicas como as da atualidade. Em 1952, o DSM (Diagnostic and Statistical Manual) que cataloga e classifica distúrbios mentais, listou 112 disturbios, em sua estreia.  Depois, o numero saltou para 182 (em 1968). Em 1994 já tínhamos 297 e provavelmente este número já está defasado. Atualmente muito se fala em transtorno de pânico e grande parte da população está utilizando drogas que atuam diretamente no sistema nervoso central, a fim de amenizarem os sintomas físicos de seus conflitos psíquicos.  Insônia, fobias, angustias, são parte dos resultados colhidos pela humanidade, em tempos como estes.
Na década de 80 os psiquiatras calculavam que um em cada dez norte americanos estava mentalmente doente. Na década de 90, seriam um para cada dois. Segundo MOREIRA (p. 317), “os números não param de aumentar. Cerca de 1/6 da humanidade já apresenta algum distúrbio psicológico ou psiquiátrico. Quer isso dizer que uma em cada quatro famílias tem pelo menos um membro com tais distúrbios. A tendência aponta para o crescimento, e, pior, em direção a idades cada vez mais baixas”.
No livro No Mundo Maior, o venerando Espírito Euzébio, durante a recepção aos estudiosos e trabalhadores que se reuniam, para aprenderem a desenvolver os planos de trabalho, fez a seguinte afirmativa:
 “Foi assim que atingimos a época moderna, em que a loucura se generaliza e a harmonia mental do homem está a pique de soçobro. De cérebro evolvido e coração imaturo, requintamo-nos, presentemente, na arte de esfacelar o progresso espiritual. (...) Empenhados em disputas intermináveis, em duelos formidandos de opinião, conduzidos por desvairadas ambições inferiores, os filhos da Terra abeiram-se de novo abismo, que o olhar conturbado não lhes deixa perceber. Esse hiante vórtice, meus irmãos, é o da alienação mental, que não nos desintegra só os patrimônios celulares da vida física, senão também nos atinge o tecido sutil da alma, invadindo-nos o cerne do corpo perispiritual. Quase todos os quadros da civilização moderna se acham comprometidos na estrutura fundamental. Precisamos, pois, mobilizar todas as forças ao nosso alcance, a serviço da causa humana, que é a nossa própria causa. (LUIZ A., citando EUZÉBIO,  1947, p. 14)

Embora comentada em 1947, acreditamos que se trata de afirmação atualíssima.
Nunca tivemos tantos pacientes nas clinicas psicológicas e psiquiátricas. Parece-nos que Euzébio, já nos idos de 47, falava sobre algo nascente, que  viria a se tornar uma verdadeira epidemia.

Ainda MOREIRA (p. 318), citando o Dr Rudiger Dahlke, que em seu livro intitulado “Qual é a doença do mundo? Os mitos modernos ameaçam nosso futuro” traz a informação que, segundo a OMS [Organização Mundial de Saúde], dos anos 20 para cá, “as enfermidades cardiovasculares aumentaram quatorze vezes, as reumáticas, dezesseis vezes; o câncer, vinte vezes; a obesidade, 35 vezes; o diabetes, 56 vezes; a esclerose múltipla, 59 vezes; as alergias, setenta vezes; e a doença de Alzheimer, 89 vezes. De 1956 para cá, dobrou o número de afetados pela depressão”.

Outra situação já considerada de forma epidemiológica é a drogadição.
Hoje em dia vários governos comentam que a luta contra este fenômeno está perdida. Drogas novas são lançadas no “mercado” a todo o momento, muitas delas baratíssimas, a preço de pouquíssimo dinheiro, a dose.  Os pais e familiares são muitas vezes pegos de surpresa com a notícia de que seus filhos estão envolvidos nesta perigosa armadilha. Isso quando não são os próprios pais a se drogarem, dando péssimos exemplos no lar. [Lembrando que o álcool entra no hall das drogas licitas que mais matam no mundo...]

Outro dado colhido em nossas pesquisas é o de que o Bullying é a forma de violência que mais cresce no mundo: são meninos e meninas expostos às mais diversas situações repetitivas de humilhações, constrangimentos, apelidos jocosos, intimidações, difamações. Como consequências, encontram-se o comprometimento da saúde emocional, da qualidade das relações interpessoais, da construção da cidadania e, principalmente, da ruptura no processo educacional, podendo ser apontado como uma das causas dos elevados índices de evasão e retenção escolar no país. Podemos dizer que se trata de um retrato da intolerância e da insensatez que grassa o mundo, em todas as faixas de idade.

Em 2008, a OMS [Organização Mundial de Saúde], divulgou um relatório que informava que houve um aumento de 60% no número de suicídios nos últimos 45 anos.

O INDIVIDUAL, O SOCIAL E O AMBIENTAL.

Sabemos que o ser humano é um ser também social, ou seja, ele se desenvolve no meio, influenciando e sendo influenciado, constantemente. Portanto, não temos como dissociar as coisas. Temos visto o adoecimento humano e, concomitantemente, o adoecimento do Planeta.

Dando alarme sobre a questão da extinção de inúmeras espécies em nosso Planeta, devido a ação perniciosa do ser humano, MOREIRA (2012, p. 62) citando LYNAS (2008) afirma que: “Diante das sucessivas pesquisas que provam a acelerada extinção em massa de espécies, que despreza os milhões de anos que a natureza os fez evoluir, Mark Lynas, no seu excelente livro ‘Seis Graus’, lamenta, com fina ironia: ‘Tivesse Darwin de escrever seu estudo hoje, talvez o título fosse O fim das espécies’”.

A revista Época, anunciando dados estarrecedores sobre o degelo no Ártico, afirmou que O efeito estufa está causando o derretimento do Ártico, em índices jamais vistos. Para entender o que está acontecendo, segundo a revista, um grupo de cientistas do Instituto de Meteorologia Max Planck, na Alemanha, fez uma análise de todas os fatores que poderiam estar derretendo o Polo Norte. Avaliaram causas naturais como oscilação no ciclo de radiação do Sol ou padrões de ventos e analisaram qual a probabilidade dessas variações responderem pelo derretimento observado nos últimos anos. Segundo os pesquisadores, a explicação para o derretimento é o aquecimento da atmosfera, provocado pelo efeito estufa. E o aquecimento da água do mar que, com a redução da superfície branca de gelo, absorve mais calor do sol.

Segundo o pesquisador Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, e um dos maiores especialistas no assunto, o derretimento do gelo no Ártico está acelerando a tal ponto que pode desaparecer totalmente em quatro anos. Algo a se pensar, urgentemente, pois o degelo do Ártico tem consequências "enormes" para o planeta, tais como condições climáticas extremas, mas também "misteriosas", como a possível liberação de grandes quantidades de metano, gás causador de efeito estufa mais nocivo para a atmosfera que o CO2, advertem especialistas.

CLENNELL (2005, p. 08), do Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia- IGEO, Universidade Federal da Bahia, afirma que “O gás metano, se liberado durante um evento dessa natureza pode entrar na atmosfera, estimulando o efeito estufa” Diz ainda, que: As mudanças climáticas passadas tem sido atribuídas às variações no CO2 atmosférico e metano através dos registros quaternários encontrados nos testemunhos de gelo no Ártico e Antártico. (...).
Em uma matéria de maio de 2012, a BBC Brasil anunciou que o gás metano que estava preso há milênios no interior do Ártico está sendo expelido para a atmosfera por causa do derretimento do gelo polar, segundo cientistas americanos. Em estudo publicado pela revista especializada Nature Geoscience, pesquisadores da Universidade do Alasca em Fairbanks (UAF) disseram ter identificado milhares de áreas onde isso tem ocorrido.
Isso pode ter um impacto significativo nas mudanças climáticas globais, dizem.
"O Ártico é a região do planeta que mais rapidamente se aquece e tem muitas fontes de metano que podem elevar sua emissão à medida que a temperatura subir", afirmou Euan Nisbet, professor e pesquisador do metano no Ártico para a Universidade de Londres. "E essa é mais uma preocupação séria: o aquecimento provoca ainda mais aquecimento".
Outro ponto a se destacar é que, segundo MOREIRA (p. 23) estima-se que nas próximas décadas, sete de cada dez grandes cidades do mundo serão afetadas pela elevação do nível do mar, e, nessa perspectiva, serão cerca de 100 milhões de pessoas atingidas duramente por essa nova realidade, a cada ano.

Ou seja, falar em aquecimento global por emissão de gases resultantes da queima de combustível fóssil é algo relevante, atual, urgente.

50% da Grande Barreira de Coral da Austrália desapareceu nos últimos 30 anos, segundo a pesquisadora Katharina Fabricius, que vem estudando a Grande Barreira desde 1988. Embora seja impossível controlar os eventos climáticos que atingem os corais, para frear o progresso do declínio os pesquisadores pedem a diminuição das emissões de CO2.

Diante destes dados e de muitos outros, a ONU, em conjunto com o governo da Noruega, começou a construir, em março de 2007, uma Caixa Forte Internacional de Sementes, apelidada de “Cofre do Fim do Mundo”, com capacidade para armazenar 4,5 bilhões de amostras de sementes.  Esta mega construção está enterrada a 120 metros de profundidade, dentro de uma montanha. Segundo MOREIRA, mais de 40 países participaram do banco de sementes “e não desprezam a hipótese de mudanças climáticas catastróficas” (MOREIRA, p. 68)

O mesmo autor conta-nos, ainda que, o cientista inglês James Lovelock, criador da teoria de Gaia, crê firmemente na possibilidade de uma ampla destruição da humanidade e, por este motivo, defende a ideia de um “manual inicial de civilização”.

Cita também, que o cientista Stephen Hawking, o mais respeitado astrofísico britânico, comentou, entristecido, que “o futuro da humanidade está no espaço; que devemos deixar a Terra nos próximos cem anos, sob pena de risco de extinção da espécie humana”. (p. 71).

São pontos a se pensar.

Uma questão intrigante, fenômeno sentido pela maior parte da população, é que o tempo parece estar passando mais rapidamente.

Uns dizem que se trata da ressonância Schumann, outros que é efeito de uma vida sem tréguas, ávida por consumismo e prazer. Seja lá qual for o motivo, a verdade é que inúmeros cidadãos sentem-se ansiosos com esta situação, sempre com a sensação de que não irão conseguir dar conta do que precisam realizar.

Surge, aqui, uma pergunta: O que é mesmo que precisamos realizar?

ÚLTIMA HORA PARA O DESPERTAMENTO E A MUDANÇA

Arriscamos dizer que a grande massa de terráqueos não tem consciência do que vieram fazer neste Planeta. Sequer admitem a teoria da reencarnação, quanto mais a existência de um planejamento reencarnatório...

Das mais de sete bilhões de almas reencarnadas na Terra, poucas tem noção do processo pelo qual estamos passando. Raras refletem sobre a vida que levam ou se prepararam para situações mais complicadas, emocionalmente ou fisicamente (marcas deste período).

MOREIRA (p. 23) diz que “depois do iluminismo, ser cético virou charme”. Concordamos com ele. Pessoas crêem passar a imagem de inteligentes, espertos. Muitos se afirmam céticos mais por preguiça em mudar que por potência intelectual, na verdade.

Até a virada do milênio, a maioria dos cientistas materialistas tripudiava sobre as milenares tradições espiritualistas que noticiavam a chegada de um turbulento período de transição planetária. Agora a ciência, a seu modo, é quem dá os mais graves alertas e confirma a lapidar afirmação de Arthur Clarck sobre os cientistas: “primeiro eles dizem que não existe; depois dizem que é impossível; por fim, brigam para provar quem descobriu primeiro””. (MOREIRA, p. 23)


Ainda sobre nosso Planeta, entre 1990 e 1995 aconteceram, em média, 320 desastres naturais ao ano. Entre os anos de 2000 até 2005 este numero passou a a média de 550 desastres naturais, ao ano. E muitas pesquisas sugerem uma tendência no crescimento destes números, tanto em quantidade como em intensidade.

Por fim, retomamos que tudo está interligado. A forma como nos constituímos intimamente reflete drasticamente no meio externo, assim como somos altamente impactados pelo que vem do meio que nos cerca.

E, o que temos a fazer, então?

Não seria preciso um conhecimento tão amplo como o Espirita para ao menos nos perguntarmos, vez ou outra, qual o sentido da existência.

Muitos filósofos já se debruçaram sobre esta questão. Explicações muitas, porém é na Doutrina que encontramos os melhores argumentos para nosso renascimento por aqui: evolução.

E, como evoluir, destruído um Planeta inteiro? Coisa difícil...

“Faz lembrar da histórica conversa entre um oficial nazista e Pablo Picasso, na Paris invadida por alemães, durante a segunda guerra mundial. Ao entrar no ateliê do artista e se defrontar com a famosa obra ‘Guernica’ – que estampa o horror e a insânia da guerra – o nazista perguntou: “Foi você quem fez isso?”. “Não”, replicou Picasso. “Foram vocês”. Tivesse a pergunta e o pintor atravessado o tempo e deparado com o catastrófico estrago na obra-prima da natureza, provavelmente Picasso diria: “Sim. Eu, você, todos nós”. (MOREIRA, 2012, p 65)



Já no prefácio da obra “A Grande Transição – O Sentido de Urgência” (prefácio este escrito por Pedro de Campos) nos deparamos com uma informação intrigante: a de que não apenas estamos já no processo de transição planetária, mas que sim, há urgência, no sentido de que “é preciso acertar o desequilíbrio e promover o bem estar. Caso contrário o homem sofrerá as consequências”. (p. 12) Depois, enumerando as diversas tragédias naturais que estão acontecendo, assim como os desmandos humanos, que ocasionam armadilhas de difícil trato, comenta que “o organismo Terra, que revirando as suas entranhas articula novas defesas naturais e trata o homem como verdadeiro micróbio, como um ser que precisa ser exterminado pelo efeito nocivo que provoca.” (p. 14)

Então, segundo o autor do prefácio, o sentido de urgência não está apenas no âmbito de moralização intima, mas, também, na moralização ambiental, pela forma como tratamos nossa Casa.

Certo é de que desde o período da codificação da Doutrina Espirita, muito tem se falado sobre estes tempos. Inclusive, no capítulo final de A Gênese (cap. XVIII), Allan Kardec anuncia, logo no título, que “Os Tempos São Chegados” (item 1).  Que tempos são esses? Tempos de decisões, fundamentalmente.
Tempos de optarmos entre continuar numa postura equivocada, como já comentou Zigmunt Baumann, o grande sociólogo polonês, como “turistas existenciais”, que aqui chegam, enceguecidos pela ideologia capitalista vigente, vivendo para o consumo e o prazer, ou desenvolver a postura do peregrino: aquele que caminha ao lado de todos, aprendendo na caminhada, saindo dela melhor do que quando chegou.

O escritor e seminarista Espírita Alkindar de Oliveira nos alerta que esta é a mais importante de todas as nossas encarnações. Realmente.

Citando Frei Betto, MOREIRA traz que, segundo artigo publicado sobre o fracasso da Conferência das Nações Unidas para Mudanças do Clima – COP 15 – o Frei teria afirmado que “agora, corremos contra o relógio do tempo. O apocalipse desponta no horizonte e só há uma maneira de evita-lo: passar do paradigma de lucratividade para o de sustentabilidade” (p. 83)

Falando sobre a necessidade de se superar os desafios ambientais, Lester Brown lamenta: “O desafio é como fazê-lo no tempo disponível. Infelizmente não sabemos quanto tempo ainda resta. A natureza controla o tempo, mas não podemos ver o relógio.” (2009, p. 19)

Leonardo Boff comentou, sobre os resultados da COP 15, sua triste percepção: “Não me vem à mente outra expressão ao assistir ao melancólico desfecho da COP 15 sobre as mudanças climáticas em Copenhague: é a treva! Sim, a humanidade penetrou numa zona de treva e de horror. Estamos indo ao encontro do desastre!” E, corajoso, complementou: “Ecologia e capitalismo se negam frontalmente. Não há acordo possível. O discurso ecológico procura o equilíbrio de todos os fatores, a sinergia com a natureza e o espírito de cooperação. O capitalismo rompe com o equilíbrio ao sobrepor-se à natureza, estabelece uma competição feroz entre todos e pretende tirar tudo da Terra, até que ela não consiga se reproduzir. Se ele assume o discurso ecológico é para ter ganhos com ele”. (p. 01)
Com tudo o que já foi exposto até aqui e, acreditem, trata-se de pequenina parte de um todo de estudos e informações que falam a respeito deste intrincado tema, fica a pergunta: Com todo este alarde, alguém ainda dorme?

Segundo André Luiz, o Espirito que nos ajudou com tantas obras, na década de 50 ao menos 70% da população da Terra dormia. Tempos depois, Emmanuel também fez o mesmo comentário, dizendo que a maior parte do planeta está adormecida, vivendo numa letargia espiritual dramática, “ligados no automático”.

É ainda o autor do livro “A Grande Transição da Terra – O Sentido de Urgência”, que nos faz lembrar a célebre história envolvendo Maria Antonieta, a então rainha da França e esposa de Luiz XVI que, certa manhã escrevera em seu diário, displicentemente: “Dia comum. Nada especial está acontecendo”. Horas depois foi decapitada pela guilhotina, enquanto a população gritava, em êxtase.

Assim estamos nós, a maior parte dos terráqueos. Crendo que se trata de mais um dia comum, que nada de especial está acontecendo. Que Deus cuida de todos e que também dará um jeito nisso, castigando corruptos no além tumulo ou ajeitando o clima, quando necessário.
Inconsequentes, nada sabem sobre as Leis Divinas, negam a situação de Causa e Efeito e os efeitos do Livre-Arbítrio humano.

O estudioso Hermínio Miranda, um dos nomes mais conceituados do meio Espirita, por sua idoneidade e compromisso com a verdade, falando sobre a questão do despertamento humano, é categórico ao comentar que passamos da hora do despertamento:

Imagino que somente um choque de grandes proporções consiga produzir impacto suficientemente forte para acordar as esmagadoras maiorias sonâmbulas, a perambularem pelos caminhos da vida sem saber o que são, de onde vêm, para onde vão, o que estão fazendo aqui” (MIRANDA, p. 353)


Pensamos como Hermínio.



PENSAR NA MORTE PARA MUDAR A VIDA

Faz algum tempo que temos nos empenhado em divulgar a necessidade de discutirmos a morte. Não somente por ser ela inexorável, mas, sobretudo, para entendermos, de uma vez por todas, que é preciso, a partir deste paradigma, reavaliarmos a forma como atuamos em nosso mundo. Usualmente, ao vermos, atônitos, os desastres naturais que assolam o Planeta, levando por vezes milhares de irmãos nossos de uma só vez para a Pátria Espiritual, lamentamos e continuamos em nossas rotinas, crendo que aquilo que foi visto só acontece fora de nós, longe. Nos sentimos fora do perigo. Ledo engano.

Por outro lado, importante entendermos que não se pode divulgar o fim do mundo, pois definitivamente não se trata disso. Este artigo não surge, portanto, para afirmar que tudo será tranquilo, tampouco que haverá a destruição completa de nosso Planeta. Estamos, entretanto, trazendo um alerta sobre a possibilidade cada dia mais real de estarmos à beira de uma situação irreversível, que poderá fazer com que a vida na Terra seja muito mais difícil. Ademais, os Espíritos Superiores afirmam que não haverá o final do Mundo. Nós também cremos nisso.

O que haverá, então?

Cabe-nos saber fazer previsões. Oras, se estamos conduzindo o Planeta a uma situação de caos, caos colheremos.
Se vivemos como autômatos, dentro de um sistema alienante, com preguiça para o despertamento, provavelmente passaremos pelo trauma da situação.
O adoecimento psíquico desta geração se deve, fundamentalmente, a uma vida imprópria, indevida. Vivemos como se não fôssemos morrer, morremos sem ter vivido, realmente.
Quando a dor chegar até nós, com toda a sua força, estaremos dormindo?


A MATRIX REAL

Retomando as ideias trazidas por MOREIRA (2012, p. 115), citaremos sua compreensão quanto ao que ele chamou de  Matrix real. Tomando por base a trilogia do cinema com o mesmo nome, MOREIRA assinala que, assim como na trama, em nossa vida, dita “real” vivemos de forma cativa, prisioneiros de uma grande farsa. No filme, todos estão muito ocupados com seus mundinhos e sequer se percebem prisioneiras das próprias crenças. Um grande sistema chamado Matrix cria a ilusão mental que mantem a humanidade engessada no erro. “Esse enredo fictício projetou o realismo do último século. O sistema materialista, a cultura individualista, o modelo de vida consumista e a economia predatória criou uma Matrix real” (p. 122) Explica o autor que, com isso, nos distanciamos de nossa essência, deixando de lado a natureza e o movimento reflexivo. Segundo ele, “a Matrix real é o sistema econômico, cientifico e cultural, que se alimenta e mos aprisiona através de crenças, valores, normas, estruturas e por uma dinâmica tridimensional: materialista, consumista e individualista” (p. 123)

MOREIRA (2012, P. 123), resume este pensamento, através de alguns exemplos, abaixo elencados:
·         O Universo foi criado à partir de uma explosão. Não existiu um ato da Criação. Simplesmente o universo surgiu com suas galáxias, estrelas, planetas e vida.
·         O Universo é uma grande máquina e a natureza deve ser explorada como algo inanimado;
·         A vida surgiu ao acaso, de uma sopa primordial;
·         Deus não existe, assim como não existe um propósito para o Universo, nem sentido para a vida;
·         Isso quer dizer que não existe justiça, moral ou leis divinas;
·         As leis que existem são naturais e surgiram, tal como o Universo e a vida, pelo poderoso acaso;
·         Cultue a divindade razão, nos templos da ciência materialista, com os sacerdotes modernos, que são os cientistas e acadêmicos: eles podem capturar e aprisionar a verdade. A última palavra é sempre deles, podem monopolizar o conhecimento, o saber, a verdade, a ética;
·         Quem segue cegamente a ciência materialista é instruído, evoluído, sério. Quem não seque é ignorante, marginal, desacreditado.
·         A religião é o mal do mundo;
·         Existem povos, raças e pessoas mais importantes que outras.
·         O bem estar material de poucos deve ser preservado para a estabilidade do sistema;
·         Por tudo isso, não seja tão sensível ao sofrimento de seres inferiores, nem à destruição o Planeta.
·         A indiferença é uma garantia para nosso bem-estar material;
·         Não existe nenhuma missão especial para você estar vivendo;
·         Você e eu somos frutos aleatórios do acaso, parentes distantes de macacos, um trambolho complexo de matéria.
·         Sua personalidade e caráter são o resultado da vontade de genes egoístas, do determinismo genético;
·         Tudo o que acontece na natureza é por escolha de genes e você nada pode fazer a respeito;
·         Quando a morte chegar não restará nada de sua identidade. Você virará pó e nada mais;
·         O que chamam de fenômenos espirituais ou é fraude ou é doença psiquiátrica ou é fruto da mente.
·         Não existe nada além da matéria densa;
·         O ceticismo é o correto, pois lhe dá credibilidade;
·         A mente não existe sem o cérebro;
·         Você deve aproveitar cada instante, cada momento. Você só tem uma vida;
·         Não existe reencarnação, portanto não voltarpá para este Planeta, tendo de colher os efeitos da causa que gerou.
·         Seja esperto, egoísta, consuma para ser feliz, viva pelo prazer.
·         O paraíso é o aqui-e-agora.
·         Seja competitivo. O mundo é dos “melhores”.
·         Acumule riquezas.
·         Tenha um corpo perfeito. O que vale é a beleza externa, magterial.
·         É mais importante ter do que ser.
·         No fim, se não tiver acumulado poder, fama, riquezas materiais, serás um insignificante.
·         Então, trabalhe, produza, consuma.
·         Caso contrário, será marginalizado pelo sistema.
·         Não perca tempo com fantasias e bobagens espirituais, nem com pessoas inferiores.
·         Siga a moda, a tendência, ainda que isso signifique abrir mão de princípios.
·         Seja livre. Não aceite limites.
·         Curta a vida e fique indiferente aos problemas do mundo e dos outros. Somente valem as relações consanguíneas.
·         Crie relações por interesse.
·         O que você faz não voltará para você.
·         Na Matrix real você surgiu e caminha para o nada.
·         O sistema pode amenizar esta terrível realidade com o consumo, os vícios, as paixões, a liberdade total, o prazer.

E, finalizando a parte dos exemplos terríveis e verdadeiros, MOREIRA constata que: “Caso comungue desta visão de mundo, de várias das crenças citadas e se comporte, muitas vezes, como aqui descrito, você também é – sem se perceber – um prisioneiro da Matrix real”. (p. 126)

Este sistema no qual estamos inseridos, alimenta nossa alienação, através de propagandas, falas, ditames, que nos conduzem, através de avançadas técnicas da Psicologia comportamental, à uma vida fútil, enfraquecendo nossas disposições para o bem, para o avanço nosso e de nossos irmãos.

Entretanto, existe um novo paradigma surgindo, que quer se firmar, no qual compreendemos que a transformação do Ser humano na Terra está se dando, mesmo que a passos lentos.

Já percebemos movimentos ecológicos mais firmes, hoje já se fala em holismo, biocivilização, empreendedorismo social. Além disso, os meios acadêmicos já trazem à baila temas espiritualistas, denotando a emergência de uma revisão em seus postulados. Crescem críticas e movimentos contra o materialismo, contra o consumismo, o fanatismo e a concentração de riqueza em detrimento de muitos. Passamos a estudar a cultura oriental, com novas visões de mundo (para o ocidente). A tecnologia está fazendo uma revolução à parte, com o uso medicinal das células-tronco, a cura para tantas doenças, etc.

Por outro lado, não tenhamos a inocência de acharmos que o sistema permitirá mudanças radicais, assim tão facilmente...

Isso porque muitos de nós temos incrível dificuldade para sairmos de nossos mundinhos estreitos. Daí que, assim como nos indicou Herminio Miranda, talvez seja preciso algo maior, mais profundo para nos acordar, para nos fazer perceber a ilusão do sistema no qual estamos mergulhados.

Há milênios, Espiritos Superiores têm vindo até nós para nos ensinarem estas verdades. Jesus nos pediu que despertássemos deste sono. Até quando desejaremos a hibernação? A Grande transição está aí. Seus efeitos podem ser materiais, e de longo alcance.


NÃO EXISTE ACASO E TUDO TENDE AO PROGRESSO


Segundo os ensinamentos Espíritas, não existe “involução”. Não damos passos para trás. Entretanto, não é menos verdadeiro, que muitos “marcam passo” na evolução que precisam realizar. Comportam-se como os gordos peixes do pequeno lago, comentados no conto do peixinho vermelho. Vivem como se fossem acima da Lei Divina, preocupando-se apenas com questões materiais, sem nenhuma reflexão maior sobre a vida, o mundo, Deus, etc.
Desculpam-se, dizendo: “Ah! Estas questões entrego aos religiosos! Quando eu morrer descubro o que vem depois, pela prática”. Esquecem-se de que, quando sabemos a obrigatoriedade de uma viagem precisamos saber, urgentemente, o que devemos colocar na mala, sob risco de passarmos frio, calor, necessidades outras. Daí que, pegos de surpresa pelas mãos da morte, despertam alienados, sofrendo as dores resultantes de sua despreocupação, de seu desinteresse e preguiça.

Com eles, ou sem eles, o certo é que nosso Planeta deixará de pertencer à categoria de provas e expiações e passará para o patamar dos mundos de regeneração. E neste novo mundo, apenas os preparados poderão retornar. Os outros, levados pelo próprio peso material [perispiritual], serão atraídos por mundos mais primitivos, a fim de acordarem, pelas vias da dor.

Portanto, cremos ser importante destacar que não se trata de uma mudança humana para que aconteça uma mudança Planetária. Não! O que está ocorrendo é que, o Planeta adoecido vai passar para outra fase, independentemente de queremos esta mudança ou não. A decisão que nos cabe diz respeito somente a nós mesmos: se queremos ou não fazer parte deste ciclo, no hoje, a partir de agora.

Imperioso lembrarmos que mesmo no caos existe uma Lei Soberana, subjacente, que coloca ordem às coisas, mesmo que de forma imperceptível.
Portanto, não estamos à mercê do acaso. No leme está Deus. No governo da Terra está Jesus. Após as turbulências, a nova Era triunfará, com o bem se sobrepondo ao mal.
Ficar ou não neste mundo melhorado, corre por nossa conta.


PROFECIAS SOBRE ESTA FASE


Quando falamos em profecias, entendemos que, para que possam ter alguma validade, é preciso que tais profetas tenham contato com o futuro.

A fim de tornarmos o entendimento acerca desta possibilidade mais acessível, tomaremos emprestado algumas comparações feitas por Kardec, assim como explicações trazidas por MOREIRA (p. 164).

Destacamos que a Doutrina Espírita não admite destinos totalmente pré estabelecidos.  O que existe, segundo os Espiritos, são determinados eventos pelos quais precisamos passar. Tudo o mais depende de múltiplas variações, de acordo com nosso livre-arbítrio.

A fim de nos ajudar no entendimento infantil, Kardec explica como se dá a questão, utilizando-se de uma analogia interessante. Ensina:

“Suponhamos um homem colocado no cume de uma alta montanha, a observar a vasta extensão da planície em derredor. Nessa situação, o espaço de uma légua pouca coisa será para ele, que poderá facilmente apanhar, de um golpe de vista, todos os acidentes do terreno, de um extremo a outro da estrada que lhe esteja diante dos olhos. O viajor, que pela primeira vez percorra essa estrada, sabe que, caminhando, chegará ao fim dela. Constitui isso uma simples previsão da conseqüência que terá a sua marcha. Entretanto, os acidentes do terreno, as subidas e descidas, os cursos dágua que terá de transpor, os bosques que haja de atravessar, os precipícios em que poderá cair, as casas hospitaleiras onde lhe será possível repousar, os ladrões que o espreitem para roubá-lo, tudo isso independe da sua pessoa; é para ele o desconhecido, o futuro, porque a sua vista não vai além da pequena área que o cerca. Quanto à duração, mede-a pelo tempo que gasta em perlustrar o caminho. Tirai-lhe os pontos de referência e a duração desaparecerá. Para o homem que está em cima da montanha e que o acompanha com o olhar, tudo aquilo está presente. Suponhamos que esse homem desce do seu ponto de observação e, indo ao encontro do viajante, lhe diz: “Em tal momento, encontrarás tal coisa, serás atacado e socorrido.” Estará predizendo o futuro, mas, futuro para o viajante, não para ele, autor da previsão, pois que, para ele, esse futuro é presente”. (KARDEC, 1869, p. 313)


Esta explicação fantástica clarifica a questão das profecias. Espíritos Superiores certamente conseguem ver a situação do mais alto patamar. Entretanto, mesmo Jesus não estabelece datas em suas profecias, pois sabe que podem ocorrer variações, de acordo com o livre-arbitrio humano. Entretanto, sabedor que é da natureza humana, pode, através de calculo bastante aproximado, predizer acontecimentos futuros.

E, falando em profecias, desejamos destacar uma que nos fala alto ao coração.
Trata-se da “profecia augusta” de Jesus, trazida pelo Espírito Emmanuel, no livro “Há Dois Mil Anos”, capítulo intitulado “Alvoradas do Reino do Senhor”. Neste capítulo, Jesus recebe, na Pátria Espiritual, alguns dos mártires recém desencarnados em espetáculos grotescos, na Roma antiga. Após comentar a história humana, a partir de sua vinda à Terra, os desmandos e desatinos que efetuamos no Planeta, assevera o amoroso Mestre que muitas coisas ocorrerão:

"Quando a escuridão se fizer mais profunda nos corações da Terra, determinando a utilização de todos os progressos humanos para o extermínio, para a miséria e para a morte, derramarei minha luz sobre toda a carne, e todos que vibrarem com o meu Reino e confiarem nas minhas promessas, ouvirão as nossas vozes e apelos santificadores.
Um sopro poderoso de verdade e vida varrerá toda a Terra, que pagará, então, à evolução dos seus institutos, os mais pesados tributos de sofrimentos e de sangue... Exausto de receber os fluidos venenosos da ignomínia e da iniquidade de seus habitantes, o próprio planeta protestará contra a impenitência dos homens, rasgando as entranhas em dolorosos cataclismos. As impiedades terrestres formarão pesadas nuvens de dor que rebentarão, no instante oportuno, em tempestades de lágrimas na face escura da Terra e, então, das claridades da minha misericórdia, contemplarei meu rebanho desditoso e direi como os meus emissários: Ó Jerusalém, ó Jerusalém...
Trabalharemos com amor, na oficina dos séculos porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos, examinaremos detidamente todas as ruínas buscando o material passível de novo aproveitamento e, renovadoras da vida planetária, organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual.” (EMMANUEL, 1939 p. 346).



MOREIRA (p. 227), citando o físico inglês Stephen Hawking comenta que o cientista assim bradou: “nós estamos à beira de uma segunda era nuclear e próximos de um período de mudanças climáticas sem precedentes. Os cientistas têm, mais uma vez, a responsabilidade de informar o público e aconselhar as autoridades mundiais sobre o risco iminente à humanidade”.

Vemos, então, que hoje realmente a ciência fala daquilo que diversas linhas de pensamento humano já falaram...

Porém, embora a necessidade de analisarmos francamente estas possibilidades cada vez mais próximas de ocorrer, não nos deteremos na parte catastrófica destas previsões, mas destacamos algo que entendemos profundamente relevante: a melhor preparação para darmos conta de eventos deste porte “é íntima, psíquica, no palco das emoções, na fortaleza da mente, non reino do Espírito. De pouco adiantará se preparar para desastres naturais, para se proteger da criminalidade, de ameaças terroristas, de enfermidades epidêmicas, das oscilações da economia ou de tragédias pessoais, se nossa vida não tiver um significado maior, transpessoal; se o nosso Espírito estiver vulnerável, oco, vazio, sem uma granítica base espiritual. O cristão, e em particular o Espírita, tem se preparar para as perdas. Deve compreender a morte como um fenômeno natural e não como um fim. Precisa estar preparado para manter o equilíbrio, a paz interior, o bom senso, mesmo em situações extremas. Mais que isso, deve estar a postos para prestar auxílio e não para ficar paralisado, reclamando da vida e assustado” (MOREIRA, p. 210).

Infelizmente muitos dormem, repetimos. Que possamos acordar a nós mesmos e, após este despertamento, que possamos alertar o maior numero de pessoas para esta realidade, além da Matrix real. O tempo urge! Avante!


FINALIZANDO:

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, na lição intitulada “A Verdadeira Desgraça” (capítulo 8, item 24), encontramos a afirmativa trazida pelo Espírito  Delphine de Girardin, dizendo que o mal reside no momento do erro e não em suas consequências. Ou seja, a verdadeira desgraça está situada no crime, no abuso, na ignorância, na corrupção, na cólera, no ataque à natureza, no adormecimento dos consciências, etc. Tormentas naturais não são desgraças, mas abençoada oportunidade de resgate e aprendizado.
Temos de enxergar com os olhos do Espírito e não mais com olhos humanos!
A alma a tudo sobrevive... esta vida é apenas uma passagem, uma rápida etapa. E no hoje, uma etapa adentrando no ápice da grande transformação.

Sim, já estamos vivendo os sinais que antecedem esse novo tempo para a humanidade, previstos pelo Cristo, quando profetizou: “Ouvireis falar também de guerras (...) porque se verá levantar-se povo contra povo e reino contra reino”.

Mas, como Ele próprio afirmou no “Sermão da Montanha”:  Bem aventurados os
mansos, pois herdarão a Terra!”, ou seja, após o fim de toda essa turbulência, o homem de bem poderá sentir a tão almejada paz.

Que possamos fazer parte desta nova humanidade!



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


BAUMAN, Zygmunt. "Turistas e vagabundos: os heróis e as vítimas da modernidade". In: O Mal-estar da Pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. 

BOFF, L. "É a Treva: Rumo ao Desastre". Artigo disponível em http://www.leonardoboff.com/site/vista/2009/dez25.htm, acessado em 07 de Outubro de 2012.

BROWN, L. "Plano B.: Mobilização para Salvar a Civilização". São Paulo. New Content Editora e Produtora Ltda, 2009.

CLENNELL, M.B. "Hidrato de gás submarino: natureza, ocorrência e perspectivas para exploração na margem continental brasileira"; Rev. Bras. Geof. vol.18 no.3 São Paulo,  2000.

FANTE, C. "Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz"; Ed. Verus, 2005.

KARDEC A. "A Gênese"; Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: Cap. 18, item 1. FEB, 2009.

____________"O Evangelho Segundo o Espiritismo", cap. A Verdadeira Desgraça; FEB, 2009.

MIRANDA, H. C. As Duas Faces da Vida – textos reunidos. “A Hora da Decisão"; Bragança Paulista, SP, Lachatre, 2005.

MOREIRA, D. "A Grande Transição da Terra: O Sentido de Urgência", São Paulo, Lúmen Editorial, 2012.

REVISTA ÉPOCA, matéria “Só o efeito estufa pode explicar o derretimento do Ártico”, publicada em  21/8/2012, disponível em: http://colunas.revistaepoca.globo.com/planeta/tag/artico/

REVISTA LIFE SCIENCE;" Half of Great Barrier Reef Lost in Past 3 Decades" http://www.livescience.com/23612-great-barrier-reef-steep-decline.html,  acessado em 06 de Outubro de 2012.

XAVIER, F.C. Ditado pelo Ditado pelo Espírito Emmanuel; "A Caminho da Luz", 14ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1939.

_____________Ditado pelo Espírito Emmanuel; "Há Dois Mil Anos: episódios da história do Cristianismo no século I";  psicografado por] Francisco Cândido Xavier; 2ª ed. especial, Rio de Janeiro:
FEB, 2002.

_____________Ditado pelo Espírito André Luiz; "Libertação".  psicografado por] Francisco Cândido Xavier, 25ª ed. Rio de Janeiro. FEB, 2002.

_____________Ditado pelo Espírito Espírito de André Luiz; "No Mundo Maior", 12ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1947.

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