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terça-feira, 3 de julho de 2012

A PARTIDA



Roberto Cury
Goiânia
robcury@hotmail.com
robertocury.blogspot.com


Partida, quantos significados para esta palavra! Se ficarmos apenas dentro da Doutrina Espírita, ainda assim, consideraremos vários sentidos: partida = ida para algum lugar em busca de algo; partida = saída do Mundo dos espíritos no retorno à Terra através da reencarnação; partida = desencarnação e volta do espírito à Pátria Espiritual.
Falemos da partida no sentido da desencarnação, quando o espírito deixa seu corpo material e retorna às suas origens, ou seja, onde Deus o criou.
Tanta gente tem medo da morte, ou seja da partida de volta!
E por que?
Via de regra, as razões mais variadas, porém, quase todos têm receio do que irão encontrar lá do outro lado, por puro desconhecimento, desinteresse, comodismo além de outros quejandos mais. Tem até aqueles que dizem: “Se a morte é descanso, prefiro viver cansado”.
Em contraposição ao medo, algumas pessoas, por compreenderem que a Vida é a do espírito e que a passagem pela Terra é fugaz e insignificante diante da eternidade, sentem uma alegria incomensurável pela aproximação do seu tempo de retorno. Entretanto, outras, muitas vezes, recolhem-se num processo melancólico que não sabem explicar.
“Melancolia significa o estado de tristeza e apatia sentido continuamente por alguém”, definem os dicionários.
Allan Kardec, compilou, no capítulo V, item 25, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, a mensagem de François de Genéve, passada em Bordeaux, na França, vazada assim: “Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera por vezes de vossos corações, e vos faz sentir a vida tão amarga? É o vosso Espírito que aspira à felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, se cansa em vãos esforços para escapar. E, vendo que esses esforços são inúteis, cai no desânimo, fazendo o corpo sofrer sua influência, com a languidez, o abatimento e uma espécie de apatia, que de vós se apoderam, tornando-vos infelizes.
Acreditai no que vos digo e resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações de uma vida melhor são inatas no Espírito de todos os homens, mas não a busqueis neste mundo. Agora, que Deus vos envia os seus Espíritos, para vos instruírem sobre a felicidade que vos está reservada, esperai pacientemente o anjo da libertação, que vos ajudará a romper os laços que mantêm cativo o vosso Espírito. Pensai que tendes a cumprir, durante vossa prova na Terra, uma missão de que já não podeis duvidar, seja pelo devotamento à família, seja no cumprimento dos diversos deveres que Deus vos confiou.
Quantas vezes já foram ouvidas expressões como essas: “Estou cansado desta vida. Quero ir-me embora de vez.” “Por que Deus ainda não me chamou?” “Já vivi demais e está passando da hora de partir.”
No entanto, felizes são aqueles que compreendem que só a carne morre, o espírito jamais. Felizes daqueles que são senhores dos seus atos, dos seus pensamentos, das suas vontades e, ao final, sentem que cumpriram com sua missão terrena, porque, invade-lhes a alegria com a libertação dos grilhões da carne e então, o espírito esvoaçante, leve, flutuando acima do leito ou do teto, rompe as alturas e se vai, célere na busca da verdadeira morada.
José Luiz, esposo de Lô, a filha caçula de Herculano, foi um dos que atendeu ao chamado de dona Virgínia a “Bi” como Herculano carinhosamente tratava sua esposa e carregando o corpo desfalecido para levá-lo ao Hospital São Paulo, o mais próximo da residência do grande espírita conhecido como “o melhor metro que mediu Kardec no século XX”, quando teve a certeza de ouvir, com clareza e distintamente, a voz do seu sogro dizendo: - deixa disso Zé, eu já era”.
No mesmo instante, na garagem da casa, um grande cômodo que abrigaria, tranquilamente uns 6 carros daqueles “compridões importados  conhecidos “rabo de peixe” por causa do tamanho e da largura da traseira, onde durante anos, mesmo depois da desencarnação de Herculano, ainda funcionou o centro Cairbar Schuttel, cujo homenageado fora amigo de Herculano desde a juventude, desenvolvia-se a reunião mediúnica, sendo que ninguém do recinto sequer sonhara com o acontecimento que, naquele momento, ocorria na parte alta da casa.
Foi então, nessa reunião mediúnica, que duas mensagens psicografadas foram recebidas por um dos médiuns que ali se encontrava. Porém, ninguém deu importância achando que se tratavam de mensagens comuns de espíritos menores uma vez que o médium ainda se encontrava em desenvolvimento e não figurava na primeira linha dos escribas terrenos.
E quando entregues a dona Virgínia, no dia seguinte, ela exclamou descrente: Herculano nem bem desencarnou e já estão trazendo mensagens! Foi quando uma das filhas disse: - vamos ler. Então a grande surpresa: Herculano era o autor de ambas mensagens, reconhecido de pronto pelo palavreado, por sua grafia, mas, especialmente pelas expressões só conhecidas dos familiares e mais intimamente da sua querida “Bi”.
Alguém ousaria dizer: - Ah! Também o Herculano foi um grande espírito. Pra ele era fácil escrever psicograficamente, já que era escritor e jornalista. Mas, nós, pobres coitados ralando nas ribanceiras da vida jamais poderíamos fazer isso.
É verdade. Herculano foi realmente um grande espírita de passagem por aqui difundindo sempre a Verdade doesse ela onde doesse. Eu mesmo, certa feita fui fazer graça com a Igreja, numa das reuniões na garagem, lá pelos idos de 1974 ou 75 e levei um “baita” puxão de orelhas pela falta de respeito para com nossos irmãos católicos.
Mas qualquer de nós pode perfeitamente atingir a condição de escrevinhar logo após a desencarnação. Basta que reunamos méritos próprios, ao longo da encarnação.
Mario Ribeiro, esposo de nossa irmãzinha Vera Lúcia, um dos fundadores da nossa Casa, o Centro Espírita “Professor Herculano Pires”, desencarnou à noite e já no dia seguinte, antes do sepultamento, na hora em que fazia eu a prece de despedida daquele corpo, pude entrever a festa que os espíritos fizeram para a recepção do nosso querido irmão, lá no Mundo Espiritual, de tal sorte que o espírito médico Clóvis, nosso amigo do além, diante de milhares de irmãos festejando a volta do Mario, exclamou sorrindo: - só falta guaraná!
E a vózinha Irene, avó da médica Dra. Irene, da esposa do Presidente da Casa, a psicóloga Lenina, cantou com toda a família, canções lindas até que se calou para este mundo, adentrando o reino, pois lá é o endereço e a morada dos anjos.
A partida é sempre a abertura da prisão libertando o espírito para reassumir a grande Vida, aquela que jamais fenece, que jamais morre.
Busquemos conhecer cada vez mais a doutrina dos espíritos para que, quando chegar nossa hora, a partida seja de alegria e de felicidade pela libertação e pela certeza de que
também seremos recebidos por aqueles que cultivamos com amor, carinho e respeito e uma grande festa será o retorno à Pátria Espiritual..


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