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sábado, 3 de julho de 2010

ESPIRITISMO E CIENCIA NÃO SE CONTRAPÕEM


Nos tempos medievais, havia o consenso de oposição entre fé e razão. Tudo era explicado pelas imposições religiosas. Na Renascença, ocorreu a revolução do pensamento científico, mormente a partir de Galileu e, posteriormente, de Newton. Nos fenômenos espirituais defrontamos com limitações no que se refere à experimentação científica. Esta classe de fenômenos é, ainda, muito pouco estudada, quando comparada com outros objetos de estudo das ciências. Para muitos, apesar de ainda polêmico, há coexistência entre Ciência e espiritualidade, configurando-se em novo paradigma acadêmico. A rigor, os inconcebíveis fenômenos da percepção extrasensorial parecem ser menos absurdos, comparados aos inconcebíveis fenômenos da física. Kardec não se deixou levar na onda da psicose de adequação ao paradigma materialista, positivista e reducionista das Ciências do Século XIX.
O nó da questão é que o "espiritual", no senso comum, tende ao "sobrenatural", desta forma, não pode ser testado. Alguns fenômenos quânticos possuem a característica de serem imprevisíveis e "imateriais". Tem-se comprovado a participação da consciência do observador como elemento determinante no desenrolar de fenômenos físicos.
Para a teoria quântica, a matéria nem possui uma existência física real, mas uma probabilidade à existência. O que faz a matéria emergir do universo probalístico, para irromper como onda ou partícula, é a consciência do observador. A consciência, mais do que interferir sobre a matéria, é o elemento que torna possível a própria existência da matéria analisada e, como ela não pode ser causa e efeito ao mesmo tempo, é necessário admitir que consciência e matéria possuem naturezas distintas.
Quando citamos ciência e espiritualidade, não estamos referindo a coisas incompatíveis e opostas. Todavia, devemos reconhecer que o objeto fundamental do Espiritismo não se pode comparar ao das ciências tradicionais, salvo nas interfaces ou nos pontos comuns. O Espiritismo toca domínios, até agora, reservados às religiões. Porém, em metodologia, o Espiritismo difere, radicalmente, das religiões, porque rejeita a fé dogmática, a crença cega, as práticas ritualizadas, o culto exterior. Se não é justo que a Ciência imponha diretrizes à religião, não é razoável que a religião obrigue a Ciência à adoção de normas inconciliáveis com as suas exigências do raciocínio.
A Ciência, sem a Revelação espirita, não consegue explicar alguns fenômenos só pela concepção materialista. A Doutrina Espirita, sem o contributo da academia de ciência, seria mais limitada para a comprovação dos fatos “imateriais”. Por isso urge que exista alguma coisa para preencher o vazio que as separava espírito e matéria, um traço de união que as aproximasse; esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal.
Por isso Allan Kardec disse que O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, ele se modificará sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará.
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net

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