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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A PLENIPOTÊNCIA DO SENHOR DA VIDA



Todos nós trazemos na consciência um importante e gigantesco espaço reservado para o Criador. São muitos, porém, aqueles que imaginam poder expulsá-Lo de suas vidas. A rigor, é como se Deus se deixasse mesmo expulsar, pois é imensurável seu respeito pelo nosso livre-arbítrio. Muito embora Ele continue ali mesmo, pois não há como dissociarmo-nos Dele, de vez que nada existe senão Nele, as coisas se passam como se O Senhor do Universo não existisse mesmo, pelo menos, ali, nos limites daquele espaço consciencial.Ao enumerar pensadores de grande influência na sociedade, deparamos com uma certa coligação de intelectuais, arautos da tese anti-Deus a exemplo de Karl Marx para quem a religião era o ópio do povo; Sigmund Freud que considerava a fé uma manifestação de infantilismo, Friedrich Nietzsche que teve a ousadia de decretar a morte de Deus. Recordamos que o ex-presidente brasileiro (FHC) afirmou numa circunstância não acreditar em Deus e usou do eufemismo político para retificar dizendo que podia abrir uma chance para crer Nele.(!!??) Recentemente nos foi enviado um e-mail curioso, informando que em 1966, o cantor John Lennon teria dito: "Hoje, nós [Beatles] somos mais populares que Jesus Cristo[Deus]", na década de 80 caiu mortalmente sob o impacto de cinco tiros desferido por um fanático fã. Ainda nos anos oitenta, em campanha presidencial, Tancredo Neves afirmou que se tivesse 500 votos do seu partido (PDS), nem Deus o tiraria da presidência da república. Os votos ele conseguiu, mas a cadeira presidencial lhe foi tirada um dia antes de tomar posse. Cazuza, um cantor de rock, disse certa vez, em um show no Canecão, (Rio de Janeiro) após um trago em um cigarro de maconha, baforando a fumaça para cima: Deus essa é para você! Sem comentários!.........Outro fato curioso foi quando o construtor de navio Titanic, apontado como o maior navio de passageiros da época, após sua construção ao ser lançado ao mar, uma repórter inglesa perguntou-lhe: "O seu navio é seguro?" Com ironia, respondeu: "Minha filha, nem se Deus quiser ele afunda o meu navio". Mais tarde a imprensa noticia o maior naufrágio de um navio de passageiros no mundo, o Titanic afundou na sua primeira viagem. Outro fato marcante foi quando Marilyn Monroe, foi visitada por um cristão. Porém ela, depois de ouvir a mensagem do Evangelho, disse: "Não preciso do seu Deus".Uma semana depois foi encontrada morta em seu apartamento. Não propomos analisar o tradicional Deus das religiões. Interessa-nos, sim, destruir o conceito de um Deus temível disposto a "castigar" conforme idéias profundamente enraizadas nos textos do Antigo Testamento. Idéias essas que foram incorporadas pela teologia cristã. E, ainda hoje muitos cristãos não se livraram desse e de outros conceitos de que bom cristão teria de ser temente a Deus. Evidentemente, que os fatos expostos acima sugerem que devemos respeitar o Nosso Criador com mais inteligência, todavia, precisamos adotar uma consciência crítica e rejeitar os sectarismos, porque Deus nada tem a ver com as distorções das teses antropomórficas engendradas por ideologias religiosas que acabaram por remeter muitas pessoas ao ateísmo. Atualmente pesquisadores que se prenderam ao materialismo, herdeiros diretos do atomismo de Demócrito, Leucipo e Lucrécio, zombam da fé ingênua e primitiva, escravizadas aos prosélitos dos religiosos destarte, tentam aniquilar histórica e emocionalmente a existência desse Deus teológico, por ser incompatível com a racionalidade acadêmica.Por outro lado o magistral Carl Gustav Jung num programa de televisão americana disse: eu não acredito em Deus, porque eu sei que ele existe!!! E, ainda Voltaire foi sábio quando afirmou que não acreditava nos deuses feitos pelos homens, mas, sim no Deus que fez o homem. Sócrates nominava Deus como "A razão perfeita" o seu discípulo Platão O designava por "Idéia do bem".Ante os muitos debates históricos relembro, ainda, o neoplatonismo, com, Plotino, que propôs o renascimento do Panteísmo, fazendo o "Deus, o Uno Supremo". Aguça-se no contexto o ideário do monismo que recebe o apoio de Fichte, Hegel, Schelling e outros, enquanto larga faixa de pensadores e místicos religiosos empenhavam-se na sobrevivência do chamado Dualismo.Albert Einstein, o maior gênio científico do século XX confessou a um assistente que seu único interesse era descobrir se no instante da criação Deus teve escolha de fazer um universo diferente e, caso tenha tido opção, por que é que decidiu criar esse universo singular que conhecemos e não outro qualquer?Atualmente com a ciência contemporânea poderemos até mesmo adentrar na intimidade do corpo atômico, fotografar a célula e extasiar-nos ante a genética, mas não conseguiremos, sem prejuízos psíquicos e emocionais, deslocar a idéia de Deus em um milímetro de rota. A certeza no Senhor da Vida representa claridade de um Sol que ilumina a mente humana, e, sem esse Sol Majestático no caminho da Terra perderíamos a esperança de uma vida saudável e feliz.Por fim nessas breves reflexões a respeito do Senhor da Vida, que rege a orquestra cósmica e tudo o que está muito além do Universo, encontramos o atestado lógico e cientificamente provado sobre a plenipotência de Deus quando concluímos que tudo aquilo que não é obra do homem, logicamente tem que ser obra de Deus, consoante elucidam os Espíritos desde 18 de abril de 1857.

Jorge HessenE-Mail: jorgehessen@gmail.com

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

PALESTRANTES, IMITAÇÕES, MOMICES E COISAS MAIS...




Certa vez, conversando com uma líder espírita, de Brasília, a referida irmã comentava sobre as momices (1) de certo orador que fora convidado para falar no Centro em que ela dirige. Dizia que o palestrante convidado imitava, grotescamente, com gestos, modos de expressão verbal e decorando trechos de conferências do tribuno Divaldo Franco, inclusive "incorporando" Bezerra (!) após a palestra (!?). Referiu-se, também, a outro palestrante que faz questão de expor e vender seus livros e CDs de palestras gravadas, cuja renda, supostamente, é para a "causa maior", e exige, vaidosamente, os aplausos do público. Meu Deus, que ridículo! Esses companheiros, com certeza, imaginam-se quais atores de televisão, quais personagens hollywoodianos, só faltando oferecer autógrafos para os seus fãs idólatras, que, também, existem, lamentavelmente! Nada mais triste!Um orador imitador não tem o menor senso de ridículo, pois, apodera-se da identidade alheia, sem o menor constrangimento, e essa é uma atitude obsessiva e/ou psicopatológica, porque lhe é autoplasmada. Ao imitar alguém, esquecem-se de que tal atitude não passa de uma farsa, e que, dessa forma, perdem a liberdade de pensar e de agir, buscando, sempre, a fonte de ligação para prosseguir no desempenho do papel assumido. Existem oradores que ficam horas e horas em frente ao espelho para treinarem os gestos ou entoação de voz do imitado, que é sempre Divaldo Franco. Como se não bastassem as momices e os bizarros fatos, não é raro observarmos oradores vaidosos, oferecendo-se para proferir palestras. Entram em contato com os que coordenam as escalas e se dispõem, "gentilmente", a serem designados para falar no Centro Espírita, quase sempre em uma data já, previamente, programada para outro orador. É uma desfaçatez da parte deles, quando em viagem, em trânsito pela cidade, apoderam-se do lugar de outro orador já escalado para comparecer ao Centro. Coordenadores que assim procedem demonstram indisciplina, falta de planejamento e, sobretudo, desrespeito àquele que já estava agendado, e os dirigentes, que acatam essa movimentação desordenada, provam que não têm competência para estarem à frente de tamanha responsabilidade, ou seja, a de manter o equilíbrio de um Centro Espírita. Tal fato só se justificaria se fosse um orador consagrado, de renome nacional.Aos palestrantes, candidatos ao estrelismo no movimento espírita, urge que não memorizem quaisquer textos de livros espíritas para, simplesmente, recitá-los, quais tagarelas ou papagaios, pois a expressão maquinal não agrada a quem ouve e, sobretudo, a Deus. É mister construir um mapa mental daquilo que pretendemos comunicar ao público. A nossa responsabilidade é para com o conteúdo doutrinário, para com o movimento espírita, para com a divulgação dos princípios espíritas, porém, para esse desiderato, cabe-nos a tarefa de construirmos um discurso próprio e original do Espiritismo, a fim de que aqueles que nos ouvem possam captar o verdadeiro sentido da Terceira Revelação. Não podemos ser meros divulgadores do Espiritismo. Precisamos, acima de tudo, ter a mensagem espírita como um dos instrumentos que podem ajudar o ser humano a ser mais fraterno e viver mais feliz.A comunicação da palestra espírita não está nos compêndios humanos. É algo pessoal. Destarte, temos a obrigação de jamais imitar quem quer que seja, sobretudo, os oradores que dão "Ibope", que superlotam o Centro. Precisamos imitar a nós mesmos, ou seja, a nossa organização mental, a nossa limitação, a nossa compreensão do tema, ou seja, ser quem somos, verdadeiramente, sem as máscaras de virtudes inexistentes, sem atitudes dissimuladas de docilidade, mas, coerentes e sensatos com o ideal Cristão. Por isso, creio que todo dirigente tem o dever de advertir os palestrantes imitadores, até porque é um despropósito a imitação.Isso mesmo! Imitar é horroroso, pois a imitação não consegue reproduzir o verdadeiro talento. Pode-se, até mesmo, imitar o estilo de um orador consagrado, mas nunca recriar a profundidade ou a beleza que caracterizam suas produções e que reaparecem de forma, perfeitamente, reconhecíveis através da legítima oratória. O expositor espírita não é um profissional da fé, que precisa teatralizar, ou usar recursos outros, para angariar fiéis. Sua tarefa é informar sobre este universo de novos conhecimentos que é o Espiritismo.É importante criarmos estilo próprio, simples, sem exageros, lembrando que uma palestra num Centro Espírita é mais uma conversa do que uma conferência. Recorrermos a linguagem simples e de bom gosto, lembrando que estamos, ali, a serviço do Cristo para explicar e fazer o público entender a mensagem do Espiritismo, não para exibir cultura. Sempre é possível explicar assuntos, mesmo complexos e profundos, em linguagem acessível a uma platéia heterogênea. O orador deve acolher, com respeito e humildade, toda crítica, procurando avaliar, cuidadosamente, o seu trabalho e, assim, melhorar, cada vez mais, a tarefa que lhe cabe. Deve reagir, com todas as suas energias, contra os elogios descabidos, para que a vaidade não lhe venha toldar o próprio campo de ação, e mais, ainda, nunca deve julgar-se imprescindível ou privilegiado, criando exigências ou solicitando considerações especiais. Sobre isso, qualquer semelhança, para quem já viu esse filme em Brasília, será mera coincidência?Eis alguns pecados capitais de uma palestra espírita: a artificialidade; o não ordenamento do raciocínio, com começo meio e fim do tema proposto; a desconsideração das características da platéia e falar como se todos os ouvintes fossem iguais; a falta de conteúdo e preparo; a defesa de idéias que vão "de encontro" ao interesse do ouvinte e, PRINCIPALMENTE, IMITAR OUTROS ORADORES. Cremos que, por pior que seja o orador, em sendo ele mesmo, terá chances de sucesso. Se imitar alguém, por melhor que seja a imitação, não terá credibilidade, ou vira circo."Os expositores da boa palavra podem ser comparados a técnicos eletricistas, desligando tomadas mentais, através dos princípios libertadores que distribuem na esfera do pensamento". (1) Sendo o Espiritismo a revivescência do Cristianismo, em sua essência e pureza, aqueles que se dispõem a divulgá-lo, pela palavra edificante, à semelhança dos discípulos do Cristo, devem equipar-se de todos os recursos que puderem dispor na atualidade, para bem representarem essa Doutrina Consoladora, junto aos que anseiam por orientação, para a necessária iluminação interior. O orador deve Ter Conduta Respeitável, lembrando que "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações". (2) Assim, o expositor espírita não pretenderá ser "santo", mas, alguém, sinceramente, empenhado em edificar-se moralmente, a cada dia mais, lembrando, sempre, que, para o público ouvinte, ele representa o Espiritismo e o Movimento Espírita.Há, sem dúvida, nas tribunas espíritas, alguns acertos. Porém, ficamos muito preocupados com os desacertos e as distorções detectadas nas palestras que, também, tivemos a oportunidade de assistir, ou dos fatos que nos foram contados. Há, realmente, em torno desse tema, um quadro preocupante. "Todos os espíritas sinceros, estudiosos e afeiçoados ao bem, encontram-se convocados para o ministério do auxílio, através da difusão dos postulados espíritas, que, propiciando perfeito entendimento das lições evangélicas, representam a medicação oportuna e urgente para a massa desesperada, o homem aturdido..." (3) Em verdade, na palestra espírita pode estar a entrada, ampla e promissora, para o entendimento da Doutrina Espírita, ou a saída, extremamente lamentável, para caminhos distantes desse conhecimento que liberta. O orador espírita é uma peça importante na propaganda e na Difusão do Espiritismo, devendo ser encarada com extrema responsabilidade e praticada com esmerada bagagem moral e cultural, sem prejuízo da indispensável experiência. Quando alguém se propõe a ouvir um orador Espírita, o faz no pressuposto de que ele sabe o que está falando e lhe oferece, silenciosamente, um voto de credibilidade, capaz de mudar, metodicamente, idéias ou conceitos errôneos que nele estavam arraigados, podendo transformar, até mesmo, toda uma vida! Portanto, não é um compromisso qualquer, sem maiores conseqüências, até porque, quem assume essa tarefa deixa de ser, apenas, um orador para, transmudar-se em autêntico preceptor da matéria Doutrinária, falando de temas Evangélicos e Sociais profundos e com extrema responsabilidade.Lembra André Luiz que "devemos palestrar com naturalidade, governando as próprias emoções, sem azedume, sem nervosismo e sem momices, posto que a palavra revela o equilíbrio. Devemos, portanto calar qualquer propósito de destaque, silenciando exibições de conhecimentos. O orador é responsável pelas imagens mentais que plasme nas mentes que o ouvem."(5)


Jorge HessenE-Mail: jorgehessen@gmail.com



FONTES:

(1) momices significa: Caretas, trejeitos; gesticulação grotesca ou ridícula.

(2)Xavier , Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz , Rio de Janeiro: Ed. Feb, 2003.

(3)Kardec, Alan. "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, cap. XVII - item 4.

(4)Franco, Divaldo Pereira, Reflexões Espíritas, ditada pelo Espírito Vianna de Carvalho, Salvador: Ed. Leal, 1992.

(5)Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 1998, acp 14.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

JESUS, NASCIDO HÁ 2012 ANOS, FOI CRUCIFICADO AOS 38 ANOS DE IDADE







O nascimento de Jesus é o episódio que, tradicionalmente, demarca o início da era cristã. Porém, em face de um erro de cálculo, cometido no século 6 d.C., pela Igreja, as datas não coincidem. Sabe-se, atualmente, que Jesus nasceu antes do ano 1, provavelmente, entre 6 e 5 a.C. Pode-se afirmar isso, com razoável segurança, graças à narrativa muito precisa do Evangelho de Lucas. Segundo o evangelista, o fato aconteceu na época do recenseamento, ordenado pelo imperador romano César Augusto. Esse censo, o primeiro realizado na Palestina, tinha por objetivo regularizar a cobrança de impostos. Os historiadores estão de acordo em situar tal fato político no período que vai de 8 a 5 a.C.
O Papa João Paulo II declarou, numa ocasião, que Jesus não nasceu no ano 1, pois a data correta do natalício do Mestre, ainda, era desconhecida, conforme informa a Revista Veja, de janeiro de 1987. (1) Curiosamente, a enciclopédia O Mundo do Saber, Editora Delta-Volume I, (2) registra: Jesus nasceu em Belém-Judéia, em 4 a.C. Ante muitas controvérsias sobre a questão, colhemos informes no seio da própria Igreja, quando, no século VI (525 a D.), o sacerdote Dionísio, fanático por matemática, recebendo a incumbência para "descobrir" a data exata do nascimento do Cristo, fixou-a no ano 754, do calendário romano, (3) e que foi aceita pela cúpula da Igreja Católica. Mas, o clérigo Dionísio começou a pesquisa partindo de uma premissa equivocada, pois, manteve como referência o batismo do Mestre, ocorrido no 15º ano do governo do Imperador Tibério César (4) e tinha absoluta convicção (à época) de que o imperador romano iniciou o governo no ano 14; a conclusão foi "lógica", 14+15=29, onde tentou buscar confirmação no Novo Testamento, quando Lucas, no Capítulo III, versículo 23, registra ter sido Jesus batizado com 29 anos de idade (!!?...).
Outro fato histórico relevante, é que Tibério César governava o Império desde o ano 9 d. C. ; logo, o equívoco do padre matemático subtraiu, de 4 a 5 anos, da história cristã, cronologicamente regida pelo calendário gregoriano. (5) Aliás, erro já devidamente assumido pelo Vaticano. (6)
Existe outro fator que comprova o erro de cálculo de Dionísio: sabemos, pela tradição dos textos das escrituras, que Herodes, o Grande, quando teve notícia do nascimento do Cristo, ordenou a matança de todas as crianças nascidas, nos dois últimos anos, em Belém e cercanias da Judéia. Na ocasião, Maria e José, pais de Jesus, refugiaram-se em outro país (Egito). Ora, a História se encarrega de registrar que Herodes morreu, exatamente, no ano que nasceu Jesus (mesmo ano da ordem do infanticídio generalizado), logo, pelos dados que possuímos, considerando-se o calendário de Roma, e se Jesus era, de fato, um recém-nascido à época da matança, atualmente estaríamos em 2012.
Na obra Sabedoria do Evangelho, afirma-se que Jesus teria, ao menos, 38 anos ao ser crucificado. Outros autores concordam com essa tese. O escritor John Drane coloca o nascimento de Jesus no ano 5, antes da Era Cristã. (7) O Gen. Milton Orreilly, exegeta, num artigo para a Revista Presença Espírita, de Salvador-BA, afirma que o Diácono Dionísio, o pequeno, errou ao estabelecer o início da Era Cristã. Afirma ele que o nascimento se deu no ano 747 da fundação de Roma, e a crucificação no ano 785, portanto, Ele teria 38 anos quando foi crucificado, pois, 785 - 747 = 38. (8)
Ainda, sobre o isso, compulsamos o livro Crônicas de Além Túmulo, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, e encontramos, no capítulo intitulado "A Ordem do Mestre", o curioso trecho: "João – disse o Mestre – lembraste do meu APARECIMENTO na Terra? Recordo-me Senhor. Foi no ANO 749 da era romana, apesar da arbitrariedade do frei Dionísio, que, calculando no século VI, da era cristã, colocou, ERRADAMENTE, o vosso natalício em 754 (...)". (9) (grifamos)
A propósito, diante dessas alusões controversas, somos também impelidos a levantar a seguinte questão: teria nascido Jesus no dia 25 de dezembro, conforme reza a tradição do Vaticano? Não encontramos nenhuma referência histórica que venha corroborar essa versão. Atualmente, os estudiosos têm como certo que o festejado NATAL substituiu uma celebração pagã – a "Saturnais", uma homenagem a Saturno (deus da agricultura pela tradição latina), (9) realizada, sempre, no "solstício de inverno", isto é: o dia mais curto do ano na região de Roma, pelo fato de o sol nascer mais tarde e se pôr mais cedo no horizonte.
Por isso, não é preciso fazermos um esforço descomunal de raciocínio para entendermos a lógica de a maior festa da cristandade representar, atualmente, uma celebração, demasiadamente, comprometida com as incompatíveis ambições do mundo comercial. É o Natal comercial, com a sua mentalidade utilista, que já contaminou toda a nossa sociedade. Nada se esquece: presentes, "suaves" bebidas alcoólicas, mesas fartas, abraços festivos (nem sempre sinceros e demasiadamente convencionais), cartões de "boas festas", pagodes, esfuziantes sambinhas (pelo menos aqui nas terras do Cruzeiro do Sul), marchinhas carnavalescas, enfim, será que realmente se lembra do suposto "aniversariante"?
Como se não bastassem as contradições históricas, há, ainda, o problema da localidade do Seu nascedouro. Mateus, seguido por Lucas, afirma que Jesus nasceu em Belém – hoje, em território palestino. Essa afirmação chegou a ser contestada por alguns estudiosos contemporâneos, pois Belém era a cidade de Davi e, segundo a tradição, o Messias esperado deveria surgir entre a descendência desse antigo rei de Israel. Situar o nascimento em Belém - dizem os muitos estudiosos - era uma forma de legitimar Jesus na condição de Messias. Embora interessante esse raciocínio crítico, não se apóia em nenhuma prova convincente. Lucas, ao contrário, oferece um bom argumento a favor de Belém: José, o esposo de Maria, futura mãe de Jesus, pertencia a uma família originária daquela cidade e a regra do recenseamento exigia que cada indivíduo se alistasse em sua localidade de origem. Por isso, a maioria dos especialistas aceita Belém sem reservas.
Obviamente, na condição de espíritas, sabemos que pouco importa os teimosos desencontros e controvérsias a respeito da data e local correto do nascimento do Cristo, até porque, o essencial, para os que se esforçam por segui-Lo, é sentir e praticar os Seus ensinamentos, e, em face disso mesmo, fazemos uma adaptação às idéias de Vinícius (pseudônimo de Pedro de Camargo), no seu artigo publicado em o Reformador, da FEB, em 1929. Ei-la:
Onde e quando nasceu Jesus?
Perguntemos para Maria de Magdala e ela nos responderá:
- Jesus nasceu em Betânia. Foi certa vez, que a sua voz, tão cheia de pureza e santidade, despertou em mim a sensação de uma vida nova com a qual, até então, jamais sonhara.
Perguntemos a Pedro e ele nos responderá:
- Jesus nasceu no pátio do palácio de Caifás, na noite em que o galo cantou pela 3ª vez, no momento em que eu o havia negado. Foi neste instante que acordou minha consciência para a verdadeira vida.
Perguntemos a João, o evangelista, e ele nos responderá:
- Jesus nasceu no dia em que meu entendimento, iluminado pela sua divina graça, me fez saber que Deus é amor.
Perguntemos a Thomé, o discípulo incrédulo, e ele nos responderá:
- Jesus nasceu em Jerusalém, naquele dia memorável e inesquecível em que Ele nos pediu para tocar as suas chagas e me foi dado testemunhar que a morte não tinha poder sobre o filho de Deus. Só então compreendi o sentido de suas palavras: EU SOU O CAMINHO A VERDADE E A VIDA.
Perguntemos a Dimas, o bom ladrão, e ele nos responderá:
- Jesus nasceu no topo do calvário, precisamente, quando a cegueira e a maldade humanas pensavam aniquilá-Lo para sempre. Naquele instante Ele me dirigiu um olhar cheio de ternura e piedade, que me fez esquecer todas as misérias deste mundo e perceber as maravilhas do céu...
Perguntemos a Paulo de Tarso e ele nos responderá:
- Jesus nasceu na Estrada de Damasco, quando, envolvido por intensa luz que me deixou cego, pude ver a sua figura nobre e serena que me perguntava: - Saulo, Saulo, por que me persegues? E, na cegueira, passei a enxergar um mundo novo quando eu lhe disse: - Senhor, o que queres que eu faça?
Perguntemos a Joana de Cusa e ela nos responderá:
- Jesus nasceu no dia em que, amarrada ao poste, no circo de Roma, eu ouvia o povo gritar: - Negue! Negue! E o soldado, com a tocha acesa dizendo: - Este teu Cristo ensinou-lhe apenas a morrer? Foi neste instante que, sentindo o fogo subir pelo meu corpo, pude, com toda clareza e sinceridade, dizer: - Não me ensinou apenas isto, Jesus me ensinou, também, a amá-Lo.
Perguntemos à mulher de Samaria e ela nos responderá:
- Jesus nasceu junto à fonte de Jacob, na tarde em que pediu-me de beber e me disse: - Mulher, eu posso te dar da água que sacia toda a sede, pois vem do amor de Deus e santifica as criaturas. Naquela tarde, soube que Jesus era, realmente, um profeta de Deus e lhe pedi: - Senhor, dá-me desta água!
Perguntemos a João Batista e ele nos responderá:
- Jesus nasceu no instante em que, chegando ao rio Jordão, pediu-me que o batizasse. E, ante a meiguice do Seu olhar e a majestade da Sua figura pude ouvir a mensagem do alto: "- Este é o meu filho amado, no qual pus a minha complacência!" E compreendi que chagara o momento Dele crescer e eu diminuir, para a glória de Deus.
Perguntemos à mulher pecadora e ela nos responderá:
- Jesus nasceu na praça pública de Cafarnaum, quando, colocada na Sua frente, Ele olhava para a multidão que reclamava o meu apedrejamento, serenamente falou "Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra. Passado algum tempo, tomou as minhas mãos, levantou-me do chão e perguntou: - Mulher, onde estão os teus juízes? Ninguém te condenou? Também Eu não te condeno. Vai e não peques mais. Saí dali, experimentando uma sensação nova no meu espírito que transformou a minha vida.
Perguntemos a Lázaro e ele nos responderá:
- Jesus nasceu em Betânia, na tarde em que visitou o meu túmulo e disse: - Lázaro, levante e venha para fora. Naquele momento compreendi, finalmente, que Ele era a Ressurreição e a vida.
Perguntemos a Judas Iscariotes e ele nos responderá:
- Jesus nasceu no instante em que eu assistia a Seu julgamento e condenação, e as 30 moedas que recebera em pagamento, por tê-Lo entregue aos juízes, queimavam em minhas mãos. Ao devolvê-las para os sacerdotes, compreendi que Jesus estava acima de todos os tesouros terrenos e era, verdadeiramente, o Messias.
Perguntemos, finalmente, a Maria de Nazaré, onde e quando nasceu Jesus, e ela nos responderá:
- Jesus nasceu em Belém, sob as estrelas, que eram focos de luzes guiando os pastores e suas ovelhas ao berço de palha. Foi quando o segurei em meus braços pela primeira vez, que senti cumprir-se a promessa de um novo tempo, através daquele Menino que Deus enviara ao mundo, para ensinar aos homens a lei maior do amor.
Agora pensemos um pouquinho: E para nós, quando e onde nasceu Jesus?
Uma vez demonstradas as evidentes contradições cronológicas acerca do nascimento de Jesus, com informações e materiais de pesquisa para os estudiosos, estamos convictos de que a nossa maior tarefa, nos naturais anseios de aprender, será, invariavelmente, aperfeiçoar nosso ser aos moldes das magnas lições do Eterno Amigo da Humanidade.
Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net
REFERÊNCIAS:
(1) Revista Veja de janeiro de 1987
(2) Enciclopédia O Mundo do Saber, Editora Delta-Volume 1
(3) 2761 anos já se passaram da fundação de Roma
(4) (Luc. 3: 1 a 6)
(5) O calendário gregoriano, aceito nos nossos dias em praticamente todo o mundo, só passou a vigorar a partir de 1582, quando foi promulgado pelo Papa Gregório XIII, tendo posteriormente sido gradualmente aceite por todos os países.
(6) Tibério César sucedeu Augusto que morreu no dia 19 de agosto do 767 da fundação de Roma, 14 da nossa era, quando assumiu de fato o título de César e começou a governar. Portanto, João começou a pregar no ano 28. O batismo de Jesus, antes da Páscoa de 29, estava com 35 anos. E na crucificação ocorrido no ano 31 da nossa era, 784 da fundação de Roma, Jesus tinha 38 anos de idade.
(7) O historiador judeu Josefo, afirma que Herodes morreu nos primeiros meses do ano 4 a. C. após um eclipse da lua, que ocorreu entre 13 e 14 de março do ano 4 a. C. Portanto, pelo calendário vigente o Rei Herodes, o infanticida, teria morrido quatro anos antes de Jesus nascer! Há muitos estudos históricos e astronômicos sobre isso.
(8) disponível no site <
http://www.espirito.org.br/portal/cursos/amilcar/cap02.html >acesso 12-12-08
(9) Xavier, Francisco Cândido. Crônicas de Além Túmulo ,ditado pelo Espírito Humberto de Campos, RJ: Ed. FEB, 2001, cap. A Ordem do Mestre
(9) O 25 de dezembro é obviamente uma data simbólica. Nesse dia, como vimos (Saturnais) ocorria em Roma o festival pagão do Solis Invictus (Sol Invencível). Realizado logo depois do solstício de inverno - quando o percurso aparente do Sol ocupa sua posição mais baixa no céu - o evento celebrava o triunfo do astro, que voltava a ascender no firmamento. Muito cedo, os cristãos associaram as virtudes solares a Jesus, atribuindo-lhe várias qualidades do deus Apolo. Isso aconteceu por volta do ano 330 d.C.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

SER ESPÍRITA





Toda convicção regiliosa é importante, todavia, se buscamos a Doutrina Espírita, não podemos negar-lhe fidelidade.(1) Por inúmeras razões precisamos preservar a incoluminidade doutrinária. Até porque, ante as funções educativas das crenças religiosas, em geral, explica Emmanuel: só a Doutrina Espírita permite-nos o livre exame, com o sentimento livre de compressões dogmáticas, para que a fé contemple a razão, face a face.(2) Se as religiões "preparam" as almas para punições e recompensas no além-túmulo, só o conceitos kardecianos elucidam que todos colheremos conforme a plantação que tenhamos lançado à vida, sem qualquer privilégio na Justiça Divina. A Doutrina codificada por Allan Kardec nos oferece a chave precisa para a verdadeira interpretação do Evangelho. Por representar em si mesmo a liberdade e o entendimento. Há quem interprete seja a Terceira Revelação obrigada a miscigenar-se com todas as peripécias aventureiras e com todos os exotismos religiosos, sob pena de fugir aos impositivos da fraternidade que veicula. Mas temos que acautelar-nos sobre esse lisonjeiro ecletismo, buscando dignificar a Doutrina que nos consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade (3) para que não colaboremos, sub-repticiamente, nos vícios da ignorância e nos crimes do pensamento. [grifei]O legado da tolerância não se pode transfigurar na omissão da obrigatória advertência verbal ante às enxertias conceituais e práticas anômalas que alguns confrades intentam impor nas hostes do movimento doutrinário.Inobstante repelir as atitudes extremas não devemos abrir mão da vigilância exigida pela pureza dos postulados espíritas e não hesitemos, quando a situação se impõe, no alerta sobre a fidelidade que devemos a Kardec e a Jesus.É importante não esquecermos que nas pequeninas concessões vamos descaracterizando o projeto da Terceira Revelação. É óbvio que a luta pela pureza e simplicidade doutrinária sem vivê-la é consolidar focos de perturbação, impondo normas para os outros, despreocupados da própria vigília.Destarte, para evitarmos determinadas práticas perfeitamente dispensáveis em nome do Espiritismo, entendamos que prática de fidelidade aos preceitos kardecianos é processo de aprendizagem com responsabilidade nas bases da dignidade cristã, sem quaisquer laivos de fanatismo, tendente a impossibilitar discussão sadia em torno de questões controversas , porém não olvidemos que Espírita deve ser o nosso caráter, ainda mesmo nos sintamos em reajuste, depois da queda. Espírita deve ser a nossa conduta, ainda mesmo que estejamos em duras experiências. Espírita deve ser o nome do nosso nome, ainda mesmo respiremos em aflitivos combates conosco mesmo. Espírita deve ser o claro adjetivo de nossa instituição, ainda mesmo que, por isso, nos faltem as passageiras subvenções e honrarias terrestres.(4)E, ainda, Emmanuel admoesta: Doutrina Espírita quer dizer Doutrina do Cristo. E a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento moral em todos os mundos. Guarda-a, pois, na existência, como sendo a tua responsabilidade mais alta, porque dia virá em que serás naturalmente convidado a prestar-lhe contas. (5) [grifei]

Jorge Hessen





FONTES:

1- Xavier, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos, ditado pelo Espírito Emmanuel, RJ:Ed. FEB, 2003

2- Idem

3- Idem

4- Idem

5- Idem