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sábado, 29 de novembro de 2008

SOMENTE DEUS TEM O DIREITO DE DISPOR DA VIDA HUMANA



Chamou-me a atenção o caso de Terri Schiavo, uma mulher da Flórida-EUA que permanecia em estado vegetativo há 15 anos e que foi desconectada do tubo que a alimentava, depois de um intenso debate entre seus familiares, o governo americano e os tribunais.Segundo especialistas, ela pode levar até duas semanas para morrer, sem alimentação(1). O que preocupa é que muitos médicos revelam que eutanásia é prática habitual em UTIs do Brasil, e que apressar, sem dor ou sofrimento, a morte de um doente incurável é ato freqüente e, muitas vezes, pouco discutido nas UTIs de hospitais brasileiros.(2). Apesar da Associação de Medicina Intensiva Brasileira negar que a eutanásia seja freqüente nas UTIs, existem aqueles que admitem razões mais práticas, como a necessidade de vaga na UTI para alguém com chances de sobrevivência, ou a pressão, na medicina privada, para diminuir custos.Nos conselhos regionais de medicina, a tendência é de aceitação da eutanásia, exceto em casos esparsos de desentendimentos entre familiares sobre a hora de cessar os tratamentos. Médicos e especialistas em bioética defendem, na verdade, um tipo específico de eutanásia, a ortotanásia, que seria o ato de retirar equipamentos ou medicações que servem para prolongar a vida de um doente terminal. Ao retirar esses suportes de vida, mantendo apenas a analgesia e tranqüilizantes, espera-se que a natureza se encarregue da morte(3). Por definição a palavra eutanásia vem do grego, significando "boa morte" ou "morte apropriada". O termo é de Francis Bacon que, em 1623, em sua obra "Historia vitae et mortis", a definiu como sendo o "tratamento adequado as doenças incuráveis". Diversas são as expressões utilizadas como sinônimas , podendo ser citadas "boa morte", "suicídio assistido", "eutanásia ativa". O seu antônimo é "distanásia"(4) que, por sua vez, vem a ser a utilização dos meios adequados para tratar uma pessoa que está morrendo. Baseada em valores humanitários, em que a ética médica visa a prolongação da vida, em seu máximo possível.Para alguns médicos a palavra eutanásia ficou estigmatizada, e as pessoas têm medo de usá-la. Destarte, crêem necessário que uma legislação estabeleça critérios e condutas éticas para uma morte sem sofrimento. Porquanto a morte é um preço que merece ser pago para o alívio da dor consoante atesta um professor de ética da Faculdade de Medicina de uma importante Universidade brasileira, para ele deve-se aceitar a eutanásia em situações de doenças incuráveis, uma vez que "A tendência é de não manter a vida a todo custo"(5). A eutanásia vem suscitando controvérsias nos meios jurídicos, lembrando, no entanto, que a nossa Constituição, através do Direito Penal Brasileiro é incisivo e conclusivo: constitui assassínio comum(6). Nas hostes médicas, sob o ponto de vista da ética da medicina, a vida é considerada um dom sagrado e portanto, é vedada ao médico a pretensão de ser juiz da vida ou da morte de alguém. À propósito é importante deixar consignado que a Associação Mundial de Medicina, desde 1987, na Declaração de Madrid, considera a eutanásia como sendo um procedimento eticamente inadequado.No aspecto moral ou religioso, sobretudo espírita, lembremos que não são poucos os casos de pessoas desenganadas pela medicina oficial e tradicional que procuram outras alternativas e logram curas espetaculares, seja através da imposição das mãos, da fé, do magnetismo, da homeopatia ou propósitos de mudanças comportamentais. Não são poucos os casos de criaturas com quadros clínicos de doenças incuráveis e desenganados em que o magnetismo posto em atividade pela imposição das mãos conseguiu modificar o diagnóstico médico e restabelecer o campo celular. Allan Kardec indaga aos Benfeitores espirituais se homem tem o direito de dispor da sua própria vida e os Espíritos esclarecem que somente Deus(7) tem esse direito. Ninguém tem o direito de tirar uma vida, somente a Deus cabe esta decisão. A eutanásia é uma forma de interromper uma expiação daquele espírito que sofre como paciente terminal. Seus parentes pensando que estão aliviando suas dores, solicitam a eutanásia, mas é um ledo engano, pois estão praticando um crime contra a vida e não consideram que os sofrimentos morais são maiores que os sofrimentos materiais e este espírito deve resgatar suas dívidas.Emmanuel explica que por trás dos olhos baços e das mãos desfalecidas que parecem deitar o último adeus, apenas repontam avisos e advertências para que o erro seja sustado ou para que a senda se reajuste amanhã(8). E ante o leito da doença mais difícil e mais dolorosa brilha o socorro da Infinita Bondade facilitando, a quem deve, a conquista da quitação. Não desrespeites, assim, quem se imobiliza na cruz horizontal da doença prolongada e difícil, administrando-lhe o veneno da morte suave, porquanto, provavelmente, conhecerás também mais tarde o proveitoso decúbito indispensável à grande meditação(9). Não cabe ao homem, em circunstância alguma, ou sob qualquer pretexto, o direito de escolher e deliberar sobre a vida ou a morte de seu próximo, e a eutanásia, essa falsa piedade atrapalha a terapêutica divina, nos processos redentores da reabilitação. Para os espíritas sabemos que a agonia prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a moléstia incurável pode ser, em verdade, um bem. Nem sempre conhecemos as reflexões que o espírito pode fazer nas convulsões da dor física e quantos tormentos lhe podem ser poupados em um relâmpago de arrependimento. A eutanásia interrompe o processo depurativo da enfermidade, impondo ao doente crônico sérias dificuldades inclusive no retorno ao plano espiritual. Ademais, os familiares que buscam tal recurso, "piedoso" na realidade, encontram-se apenas e indevidamente ansiosos por libertar-se do compromisso e da responsabilidade de ajudar, sustentar e amar seu ente querido.À rigor, o câncer é o meio de expungir as trevas que povoam o coração, impedindo-lhe maior entendimento da vida. A paralisia e a loucura, o pênfigo e a tuberculose, a idiotia e a mutilação, quase sempre, funcionam por abençoado corretivo, em socorro do espírito que a culpa ensandeceu ou ensombrou na provação expiatória. Desta forma, respeitemos a dor como instrutora das almas e, sem vacilações ou indagações descabidas, amparemos quantos lhes experimentam a presença constrangedora e educativa. Lembrando sempre que a nós compete tão somente o dever de servir, porquanto a Justiça, em última instância, pertence a Deus que distribui conosco o alívio e a aflição, a enfermidade, a vida e a morte, no momento oportuno.O verdadeiro cristão porta-se sempre em favor da manutenção da vida e de respeito em relação aos desígnios de Deus, buscando não só minorar os sofrimentos do próximo (sem eutanásias, claro!), mas também, confiar na justiça e na bondade divina, até porque nos Estatutos de Deus não há espaço para a injustiça.


Jorge Hessen




FONTES:

1- Publicado no Correio Braziliense 19/3/2005

2- Publicado na Folha de S.Paulo 19/3/2005

3- Idem

4- Distanásia para alguns significa prolongamento exagerado da morte de um paciente ou, até mesmo, pode ser empregado como sinônimo de tratamento inútil. Para alguns especialistas é uma atitude médica que, visando salvar a vida do paciente terminal, submete-o a grande sofrimento.

5- Idem

6- Previsto na Constituição Federal, artigo 5º, "caput", a principal característica do direito à vida vem a ser sua indisponibilidade. A vida, dom divino que é, há que ser preservada em toda e qualquer circunstância, sendo inconcebível sua eliminação quer pelo homem, quer pelo Estado.

7- Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1999, questão 944

8- Xavier, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999

9- Idem


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ADVENTO DO PARACLETO



ADVENTO DO PARACLETO



No séc. XVI na Era da Razão, do antropocentrismo, a retórica materialista ganha força devido às transformações sociais, políticas, econômicas e religiosas que foram se operando na Europa. A fé se extinguiu em sua própria fonte; o ideal religioso desapareceu. Nessa conjuntura, a única realidade concreta é a matéria em movimento, a qual, dada a sua riqueza, é capaz de produzir certos efeitos surpreendentes que chamamos de psíquicos ou mentais. A rigor, o Cristianismo vigente e aceito pela maioria dos homens não tinha respostas adequadas para as mazelas da civilização.Atualmente, após dois milênios de fermentação histórica, de doloroso amadurecimento do homem, de criminosas deformações da mensagem cristã, afinal seria possível o restabelecimento dos ensinos fundamentais em sua pureza primitiva? Em O Evangelho Segundo o Espiritismo Kardec e os Espíritos Superiores revelam ser o Espiritismo "O Consolador Prometido por Jesus", "O Espírito de Verdade", o "Paracleto", conforme o Evangelho de João. "Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará um outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. - Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito"..(1) Se, portanto, o Espírito de Verdade devia vir posteriormente ensinar todas as coisas, é porque o Cristo não havia ensinado tudo à época. Se viria recordar o que Cristo havia dito, é que o teríamos esquecido ou mal interpretado. Consoante Sua assertiva, Seus ensinamentos estavam incompletos, já que anunciava a vinda daquele que os deveria completar. Destarte, se o Cristo não pôde desenvolver seu ensinamento de uma maneira completa, é que faltava aos homens conhecimentos que não poderiam adquirir senão com o tempo, e sem os quais não o poderiam compreender; coisas que poderiam parecer um contra-senso no estado de conhecimento vigente de então.Kardec ainda recorda que o Espiritismo vem no tempo certo cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside ao seu estabelecimento lembrando aos homens a observância da lei; ensinando todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo havia dito por parábolas. Cristo disse: "Ouçam aqueles que têm ouvidos para ouvir"; o Espiritismo vem abrir os olhos e ouvidos, porque fala sem figuras e sem alegorias; levanta o véu deixado intencionalmente sobre certos mistérios; vem enfim trazer uma suprema consolação aos deserdados da terra e a todos aqueles que sofrem, dando uma causa justa e um propósito útil a todas as dores. O Espiritismo lhe dá uma fé inabalável no porvir, e a dúvida pungente não mais toma conta de sua alma; fazendo-o ver as coisas do alto, a importância das vicissitudes terrestres se perde na vastidão e no esplêndido horizonte que a abraça, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até o fim do caminho.(2) Alguns irmãos afirmam que são muitas as doutrinas que consolam. Por que seria consolador apenas o Espiritismo? Perguntamos: as outras doutrinas oferecem ao homem as ferramentas [reencarnação, intercâmbio com desencarnados, pluralidade dos mundos habitados etc] que o Espiritismo apresenta? Certamente que não! Até porque a Doutrina Espírita não é um conjunto de idéias, dita por um pensador ou por um grupo qualquer. Trata-se da manifestação do Espírito de Verdade, que o fez utilizando o sistema de universalidade, justamente para que opiniões pessoais ou de grupos não viessem colocar em risco o futuro da mensagem libertadora. A Terceira Revelação [ou Consolador Prometido] fundamenta-se na opinião de um conjunto de inteligências [Espíritos], que se manifestaram em mais de mil agrupamentos espíritas em todo o mundo, na época da Codificação.(3) Foram essas inteligências que estabeleceram os princípios morais e filosóficos da Doutrina Espírita e que não podem ser mudados pela vontade deste ou daquele pensador discordante. Eis a razão pela qual constitui-se numa Revelação e não numa doutrina comum, vinda para ser modificada ou interpretada como as filosofias humanas de todos os tempos. Senão, vejamos, O Livro dos Espíritos é considerado por muitos estudiosos como a obra mais avançada de Filosofia que se tem notícia, tratando de assuntos que tocam todos os ramos do conhecimento: Deus, a alma, o homem e sua imortalidade, a justiça divina, a reencarnação, a pluralidade dos mundos habitados etc. Com ele inaugura-se a "era do Espírito e da Fé raciocinada", não mais a fé cega! O Espírito Bezerra de Menezes disse: "O Livro dos Espíritos, se for estudado carinhosa, detida e sistematicamente, durante cem anos, não será totalmente penetrado".(4) Cristãos contemporâneos dizem que a comunicação com os espíritos não é possível, pois foi proibida por Moisés (5), portanto, tratar-se-ia de demônios (6) que tentam enganar os homens. Todavia, por que somente os espíritos maus poderiam se comunicar conosco? Os bons espíritos não teriam esse direito? E os chamados anjos, que revelavam as profecias, acaso não são espíritos também? Por outro lado, Jesus também disse: "é necessário nascer de novo". (7) (grifei) Admitindo que Deus é infinitamente Bom e Justo, por que existiriam tantas crianças com deficiências inatas? 'Por causa dos pecados dos pais', dirão. Mas seria justo Deus "punir" uma inocente criança por causa dos erros dos seus pais? Reconhecendo que nos Estatutos de Deus não há espaço para injustiças, só podemos concluir que essa criança não é tão inocente como se supõe, visto que certamente ela errou muito em sua existência anterior.Ademais, não concebemos essas tragédias como punição ou castigo, mas como um ensejo de correção em benefício futuro do próprio indivíduo. E no caso das extraordinárias crianças superdotadas ou gênios-mirins? De duas uma, ou admitir-se-á um Criador caprichoso, que privilegiou essas almas, ou então, inevitavelmente, estas inteligências muito acima da média são resultante do vasto cabedal de conhecimentos acumulados na vida pretérita, manifestando na infância o talento que trazem do passado. Também nas hostes espíritas há aqueles que querem separar a parte científica, filosófica e religiosa da Doutrina, e Chico Xavier comentando o assunto a respeito lembrou que "A Doutrina Espírita é ciência, filosofia e religião. Se tirarmos a religião, o que é que fica? (...) fica um corpo sem coração, se tirarmos a ciência fica um corpo sem cabeça e se tirarmos a filosofia fica um corpo sem membros.(8) Portanto, não esqueçamos que O Consolador assume três aspectos: Científico, Filosófico e Religioso. Como ciência comprova através da lógica e da experimentação. Como filosofia opera o trabalho do raciocínio em busca do conhecimento e da sabedoria. Como religião elucida e clarifica, buscando elevar as almas, ligando as pessoas umas às outras e a Deus, edificando e iluminando os sentimentos, promovendo a reforma íntima.O que tentamos aqui demonstrar, em linhas gerais, é que a Doutrina dos Espíritos é a Terceira Revelação, à guisa de complementação das duas anteriores, pois se a Primeira, com Moisés, trouxe a noção de Justiça à barbárie e a Segunda, com Jesus Cristo, trouxe a noção do Amor Excelso ao povo ainda rude, ela veio trazer ao homem a noção consoladora do Dever, conforme prometeu o Mestre quando disse: "Muitas coisas tenho ainda a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora Mas o Paracleto, o Espírito Santo (10) , que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas, e vos recordará tudo o que vos tenho dito. (11)


Jorge HessenE-Mail: jorgehessen@gmail.com



FONTES:

1- João, cap. XIV, vv. 15:16: 17:262- Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed FEB, 1999. Cap. VI.

3- Poderia um único homem ser capaz de formular sozinho todos os conceitos científicos e filosóficos da Doutrina Espírita?, Por mais notável que fosse a genialidade de Kardec, cremos que isto não seria possível. Em verdade os Espíritos Superiores levaram a Nova Revelação de um pólo ao outro, manifestando-se em todas as partes do globo, sem outorgar a ninguém o privilégio exclusivo de ouvir suas palavras. É nesta universalidade dos preceitos doutrinários que está a força inexpugnável do Espiritismo e também a causa de sua tão rápida propagação.

4- Reformador de janeiro de 1974, página 30, ed. FEB

5- O Deuteronômio diz: Nunca exista entre vós quem consulte adivinhos, quem observe sonhos e agouros, quem use de malefícios, sortilégios, encantamentos, ou consultem os que têm o Espírito pitônico e se dão a práticas de adivinhação interrogando os mortos. O Senhor abomina todas essas coisas e destruirá, à vossa entrada, as nações que cometem tais crimes."(Cap. XVIII vv. 10, 11 e 12.)".

6- A palavra "Satan", em grego significa adversário. Diábolos, em latim, quer dizer opositor. A palavra demônio ( daimon ), na sua etimologia grega significa espíritos humanos ou almas, passando a ser, posteriormente, entendida como espíritos maus. Tanto que alguns autores do alvorecer do Cristianismo usavam a expressão "maus demônios", e um deles foi São Justino, martirizado em 165 D.C, e que escreveu a Obra "Apologia da Religião Cristã".

7- João, cap. III vs 1:12.

8- "Entrevistas com Chico Xavier", disponível em acesso em 27/03/2005

9- João, cap, XVI, vs 12.

10- Jesus quando profetizou a vinda do Consolador, se referia ao Bom Espírito; não usou em absoluto a expressão Espírito Santo que foi certamente uma alteração nas traduções.Hoje nós sabemos que a expressão Espírito Santo simboliza os Espíritos que trabalham a serviço de Deus e já naquela época envolveram os discípulos de Jesus, na festa de Pentecostes, provocando a eclosão da faculdade mediúnica, levando-os a falarem em diferentes línguas aos estrangeiros do local (xenoglossia)

11- João, cap, XIV, vs 25

domingo, 23 de novembro de 2008

CIENTISTAS ESTARIAM SUBVERTENDO A ORDEM DIVINA AO MANIPULAR CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS?


O governo federal lançou dia 20/04/2005 o primeiro edital que permitirá o financiamento de pesquisas com células-tronco no país. Serão liberados R$ 11 milhões dos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia. A verba será utilizada para financiar projetos de pesquisas básicas (experimentações in vitro), pré-clínicas (experimentos com animais) e clínicas (experimentos em seres humanos) que tenham o objetivo de desenvolver procedimentos inovadores em terapia celular. Também poderão ser pesquisadas células-tronco adultas da medula óssea e do cordão umbilical e células-tronco embrionárias, incluídas no edital por causa da lei de biossegurança.(1)Com aprovação da Lei de Biossegurança os cientistas do Brasil estão autorizados a realizar pesquisas em células-tronco embrionárias, inequivocamente, uma das mais promissores áreas da medicina na atualidade.(2) Mas, as pesquisas com células-tronco só poderão ser realizadas se elas forem obtidas através de fertilização in vitro e estiverem congeladas há mais de três anos. (3) Para os que não conhecem o assunto, informamos que células-tronco é um tipo de célula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos no organismo. Esta é uma capacidade especial, porque as demais células geralmente só podem fazer parte de um tecido específico (por exemplo: células da pele só podem constituir a pele). Outra capacidade especial das células-tronco é a auto-replicação, ou seja, elas podem gerar cópias idênticas de si mesmas.(4) Por causa destas duas capacidades, as células-tronco têm sido objeto de intensas pesquisas hoje, pois poderiam no futuro funcionar como células substitutas em tecidos lesionados ou doentes, como nos casos de Alzheimer, Parkinson e doenças neuromusculares em geral, ou ainda no lugar de células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, como no caso de diabetes. Entretanto cabe dizer que a aplicação imediata ainda está longe. (5)Por enquanto, sobram esperanças e faltam pesquisas que, embora aceleradas, ainda estão em estágio inicial. Há preocupação do Ministério da Saúde com a euforia desmesurada do uso das células-tronco. Elas são uma promessa de cura, não um milagre como se o paciente fosse soltar a muleta e sair andando".Para os Espíritos os embriões que ficam armazenados(congelados) tanto pode ou não haver espíritos ligados. Seja pelo fato do endividamento com humanidade, ou segundo Joanna de Angelis para fugirem de seus perseguidores podem ser levados a "estagiar" nestes embriões congelados, passando por um período de dormência, período este em que estariam livres das perseguições obsessoras e em fase preparatória para um possível retorno ao orbe.(7) Colocado o tema, uma indagação se apresenta: teriam os embriões congelados, nos quais se encontram as células-tronco embrionárias, potencial de vitalidade que não se pode transformar (para alguns destruir)? Eis a questão!Nos últimos meses, vários religiosos e especialistas vêm se reunindo, em várias partes do Orbe para discutir esses avanços da ciência e suas controvertidas questões éticas. Alguns crêem ser um "aborto".Ponderando-se sobre os importantes apontamentos de Joanna, não podemos desconsiderar também que os Mentores espirituais, especialistas da área, são inteligentes o suficiente para saberem que tal ou qual óvulo será ou não destinado a produção de células-tronco para fins terapêuticos, e, portanto, que nenhum espírito deverá estar ligado a ele. Ou, então, estaremos entronizando a força vigorosa da imprevisibilidade, do "acaso".Embriões humanos congelados têm ou não espírito ligado a ele? Como observamos acima Joanna explicou que há casos que pode haver e há casos que não há. A questão 356 de O Livro dos Espíritos explica que pode haver o desenvolvimento de gestação sem espírito. André Luiz elucida o mecanismo deste processo na segunda parte do livro Evolução em Dois Mundos, considerando que o molde perispiritual é o materno dado pelo comando espiritual da mãe que deseja muito ter o filho. (8)A propósito, na questão 136-a do "Livro dos Espíritos", reenfatiza " (...) A vida orgânica pode animar um corpo sem alma (...) " (9) idéia essa que nos remete a refletir sobre a possibilidade de que possam existir embriões sem que Espíritos estejam a eles ligados. E, mais ainda, não se estaria cometendo um grande equívoco, a geração possível de milhares de vidas congeladas (descartáveis) a espera da morte? Vale meditar um pouco mais profundamente sobre esta questão!É interessante trazer para a discussão o fato de que pesquisadores da Escola de Medicina de Cardiff, em Gales, anunciaram recentemente que estão produzindo embriões humanos sem usar esperma, buscando tornar menos polêmica a utilização de blastócitos (10) para a utilização de células-tronco. O método, divulgado pela revista New Scientist , utiliza apenas a proteína PLC-Zeta, encontrada no esperma, responsável pela divisão celular. Os embriões se desenvolvem sem os cromossomos masculinos e, portanto, não resultariam num processo de procriação. O uso de células-tronco retiradas de embriões humanos - geralmente descartados em clínicas de reprodução assistida - enfrenta sérias resistências em vários países. Muitos consideram estes embriões como seres vivos, pois caracterizam a vida a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. (11) Joanna de Angelis sabendo da importância dessas pesquisas, ressalta " (...) Verdadeira bênção, o transplante de órgãos concede oportunidade de prosseguimento da existência física, na condição de moratória, através da qual o Espírito continua o périplo orgânico. Afinal, a vida no corpo é meio para a plenitude - que é a vida em si mesma, estuante e real ".(12) Não podemos deixar de reconhecer que o corpo físico é a máquina divina que o Senhor nos empresta para a confecção de nossa felicidade na Terra.(13) Não podemos permanecer na ignorância e a ciência tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Kardec ensina que nos instruímos pela força das coisas. As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas idéias pouco a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações.(14)Toda tecnologia nova gera polêmicas. Dentre os argumentos dos que se opõem à técnica terapêutica com células-tronco está o temor de que se vai gerar um comércio de óvulos e embriões. A ser factível essa realidade, vamos estagnar a ciência? Para o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Eduardo Krieger, o financiamento de pesquisas com células-tronco embrionárias representam a confiança da sociedade nos cientistas brasileiros. "O cientista hoje tem uma enorme preocupação de que o avanço da ciência seja voltado para a sociedade. A comunidade científica amadureceu e está em condições de produzir esse conhecimento". (15)Em verdade a busca de conhecimento é necessidade básica do homem. E quanto à fobia do mau uso das células-tronco pensamos que a Ciência aprenderá a lidar melhor com as técnicas que envolvem a clonagem, tornando-a mais simples e segura. Quanto à sua disseminação, dependerá dos programas da Espiritualidade. (16) Para os que crêem que os cientistas estariam subvertendo a ordem divina ao manipular células-tronco embrionárias, importa recordá-los que transgressão à ordem da natureza é a criança subnutrida, cidades bombardeadas, atos terroristas, doentes sem tratamento, trabalhadores sem emprego. Subversão da ordem divina será sempre a forma como tratamos as pessoas, não como venham a nascer.(17) Os que hoje se opõem às pesquisas científicas em questão, poderão garantir, com máxima segurança, que no futuro não se beneficiarão dessa inovadora proposta de terapia humana?

Jorge Hessen
FONTES:
1- O edital para a seleção de projetos está disponível no endereço eletrônico do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
2- Censo realizado pela SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida) revela a existência de 9.914 embriões congelados nas 15 maiores clínicas de reprodução brasileiras. Desses, 3.219 estão congelados há mais de três anos, critérios essenciais para a utilização em pesquisas com células-tronco (CTs) embrionárias aprovadas pela Lei de Biossegurança.
3- Revista Veja editada em 03 de Março de 2005
4- As células-tronco utilizadas nos experimentos em andamento são retiradas, basicamente: 1) da medula óssea do paciente,2) da placenta e cordão umbilical de recém nascidos e 3) de embriões humanos.
5- Lygia da Veiga Pereira, do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP).
6- Jornal O Estadão, edição de 02/03/2005
7- Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, Ditado pelo Espírito Joanna de Angelis. Salvador: Ed. LEAL, 1999
8- Xavier, Francisco Cândido. Evolução em Dois Mundos, Ditado pelo Espírito André Luiz. 5ª Ed. 2 ª parte. Rio de Janeiro, RJ: Ed FEB, 1972
9- Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2003, perg. 136-a
10- O blastócito é um aglomerado de 100 a 200 células.
11- Jornal O Estadão de Quinta-feira, 02 de dezembro de 2004
12- Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, Ditado pelo Espírito Joanna de Angelis. Salvador/Ba: Ed. LEAL, 1999, Cf. Cap. Transplantes de Órgão
13- Xavier, Francisco Cândido. PENSAMENTO E VIDA - ditado pelo Espírito Emmanuel. 3ª Ed. Rio de Janeiro, RJ: Ed. FEB, 1972
14- Comentário à questão 783 de O Livro dos Espíritos
15- Jornal Correio Braziliense, edição de 21 de abril de 2005
16- Do livro: Reencarnação: Tudo o que você precisa Saber ed.CEAC Bauru/SP
17- Simonetti, Richard. Reencarnação: Tudo o que você precisa Saber, Bauru/SP ed.CEAC, 2003

domingo, 16 de novembro de 2008

PEIXOTINHO- O MAIOR MÉDIUM DE EFEITOS FÍSICOS


No dia 16 de junho de 1966, na cidade de Campos (RJ), deixou o corpo físico o famoso e evangelizado médium espírita Peixotinho (foto). A Federação Espírita Brasileira, o Conselho Superior da FEB e o Conselho Federativo Nacional, se fizeram representar pelos confrades Paulo Affonso de Farias, José Salomão Misrahy e Abelardo Idalgo Magalhães, respectivamente. Ao sepultamento acorreram centenas e centenas de confrades dos mais diversos pontos do País. Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho, teve ação destacada no movimento espírita brasileiro, já por suas excepcionais qualidades mediúnicas, principalmente no que tange às materializações, já pelo seu comportamento moral como homem de bem.Peixotinho, como todos o conheceram, nasceu em 1º de fevereiro de 1905 na cidade de Pacatuba, no Estado do Ceará, filho de Miguel Peixoto Lins e Joana Alves Peixoto. Logo cedo perdeu os pais e passou a viver com os tios maternos, em Fortaleza. No Estado cearense entrou para o Seminário, pois seus tios desejavam que seguisse a carreira eclesiástica. Contudo, por questionar os dogmas da Igreja recebeu vários castigos e sofreu várias penas disciplinares.Observando as desigualdades humanas, tanto no campo físico como no social, pois seu Espírito não aceitava as explicações que recebia para justificar as diferenças sociais tão marcantes no Nordeste, naquela época tão mais sofredora que hoje. Também não aceitando as justificações que lhe ofereciam para o nascimento dos anormais, ficou em dúvida no tocante à paternidade e bondade de Deus. Se todos eram seus filhos, por que tantas diversidades? Por que razões insondáveis uns nascem fisicamente perfeitos e outros deformados? Uns portadores de virtudes angelicais e outros acometidos de mau caráter? Dizia então: “Se Deus existe, não é esse ser unilateral de que fala a religião católica”. Desejava saber e inquiria os seus confessores, os quais, diante das indagações arrojadas do menino, usavam o castigo e a penitência como corretivo, o que o levou a abandonar o colégio.Aos 14 anos mudou-se para o Amazonas em busca de melhores condições de vida nos seringais. Mas dois anos depois resolveu retornar a Fortaleza, e aí, na terra de Bezerra de Menezes, eclodiu sua faculdade mediúnica, em forma obsessiva, pois no início era envolvido pelos Espíritos sofredores que faziam dele um valentão.Apesar do seu físico infantil, era dono de grande força de vontade e, sabendo o que lhe poderiam fazer os obsessores, procurou reagir, não saindo de casa, isso depois de um episódio em que, após travar luta com vários homens, foi transportado para uma praia deserta e distante, fisicamente ileso. Mas os Espíritos das trevas não desanimaram ante sua disposição de não sair de casa, vindo-lhe, então, um caso de desprendimento, em que foi considerado morto, estado de que despertou após mais de 20 horas de amortalhado. A seguir adveio-lhe uma paralisia que o prostrou por seis meses, sem que a família procurasse os recursos do Espiritismo. Sendo católicos praticantes, seus familiares temiam envolver-se com o Espiritismo.Nessa fase, um dos seus vizinhos, membro de uma sociedade espírita de Fortaleza, movido de íntima compaixão pelos seus sofrimentos, solicitou permissão à sua família para prestar-lhe socorro espiritual com passes e preces. Ninguém em sua casa tinha conhecimento do Espiritismo e seus familiares também não atinavam com o verdadeiro estado do paciente, uma vez que o tratamento médico a que se submetia não lhe dava nenhuma esperança de restabelecimento.O seu vizinho iniciou o tratamento com o Evangelho no Lar, aplicando-lhe passes e dando-lhe a beber água fluidificada. A fim distrair-se, Peixotinho começou a ler alguns romances espíritas e posteriormente as obras da Codificação kardequiana. Em menos de um mês apresentou sensível melhora em seu estado físico e foi progressivamente libertando-se da falsa enfermidade. Logo que conseguiu andar, passou a freqüentar o Centro Espírita onde militava o grande tribuno Vianna de Carvalho, que na época estava prestando serviço ao Exército nacional em Fortaleza.A terrível obsessão foi sua estrada de Damasco. O conhecimento da lei da reencarnação veio equacionar os velhos problemas que atormentavam a sua mente, dirimindo todas as dúvidas que o Seminário não conseguira desfazer. Passou assim a compreender a incomensurável bondade de Deus, que dá a mesma oportunidade a todos os seus filhos na caminhada rumo à redenção espiritual.Orientado pelo major Vianna de Carvalho, Peixotinho iniciou seu desenvolvimento mediúnico. Tornou-se um dos mais famosos médiuns de materializações e efeitos físicos. Por seu intermédio produziram-se as famosas materializações luminosas e uma série dos mais peculiares fenômenos, tudo dentro da maior seriedade e nos moldes preceituados pela Doutrina Espírita.Em 1926 mudou-se para o Rio de Janeiro, então Capital da República e se apresentou para servir no Exército, na Fortaleza de Santa Cruz. Posteriormente foi transferido para Macaé (RJ). Foi em Macaé que propriamente iniciou sua prestação de serviços ao Espiritismo, tendo aí, com um grupo de irmãos, vários dos quais já no plano espiritual, fundado o Grupo Espírita Pedro. Também em Macaé, em 1933, constituiu família, contraindo matrimônio com Benedita (Baby) Vieira Peixoto.Sua vida militar foi intercalada de transferências, mas, para onde era transferido, fixava residência com a família e ali fundava um posto de receituário homeopata. Assim foi em Imbituba (Santa Catarina), Santos, Rio de Janeiro, Campos etc. Em 1945 foi transferido de Imbituba para a Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro. Novamente na capital brasileira, reencontrou-se com vários amigos, dentre os quais Antônio Alves Ferreira, velho confrade do Grupo Espírita Pedro, de Macaé, o qual nessa época residia no Rio.Das reuniões semanais na residência desse confrade nasceu um culto doméstico que, em poucos meses, se transformou no Grupo Espírita André Luiz, cuja sede provisória era, então, no escritório de representações do confrade Jaques Aboab, na Rua Moncorvo Filho, 27. No Grupo Espírita André Luiz prestou seus serviços mediúnicos, no convívio amigo e fraterno dos irmãos que se uniram àquela casa. E durante esse período, enquanto residiu no Rio de Janeiro, teve a felicidade de reuni-los em sua residência, todos os domingos.Do Rio de Janeiro foi para Santos. Isso em 1948. Em Santos freqüentou o Centro Espírita Ismênia de Jesus. Nesse mesmo ano encontrou pela primeira vez o médium Chico Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo, onde participou de sessões de materialização e de assistência aos enfermos, ocorrendo a partir daí muitos outros encontros. Grande número das sessões no Grupo André Luiz e em Pedro Leopoldo são narradas por Ranieri em “Materializações Luminosas”. Transferido para Campos em fins de 1949, iniciou seus serviços no Grupo Espírita Joana D’Arc. Pouco depois, com o crescimento da freqüência no culto doméstico que fazia para seus familiares, nasceu o Grupo Espírita Aracy, seu guia espiritual que fora, na última encarnação, sua filha. Ao Grupo Aracy dedicou seus últimos anos de vida terrena.Apesar de sua eficiência no receituário, foi um sofredor, portador de asma, que compreendia ser a sua provação. Apesar de todos os sofrimentos, era alegre e brincalhão, e por muitos considerado uma criança grande. Como médium soube viver, sem nunca comerciar seus dotes mediúnicos. Viveu pobre e exclusivamente dos seus vencimentos de oficial da reserva do Exército, reformado que foi no posto de capitão.Manteve sempre grande zelo pelos princípios esposados por Kardec, fazendo por onde, nos Grupos ou Centros por ele fundados, que nunca existisse intromissão de rituais ou quaisquer influências alheias à doutrina codificada por Kardec. Dedicou-se muito ao tratamento de casos de obsessão, chegando mesmo a, por várias vezes, levar doentes ao próprio lar, onde os hospedava junto de sua família. Passou por testemunhos sérios e sofreu ingratidões que soube perdoar, não desanimando nunca de servir.Peixotinho sofria de broncopneumonia, enfermidade que lhe causava muitos dissabores, que ele porém suportava com estoicismo, o mesmo podendo-se dizer das calúnias de que foi vítima, como são vítimas todos os médiuns sérios que se colocam a serviço do Evangelho de Jesus, dando de graça o que de graça recebem.Peixotinho desencarnou às 6 horas da manhã do dia 16 de junho de 1966, em Campos, cercado do carinho da família. Cumpriu sua missão e retornou ao plano espiritual, deixando viúva a Sra. Baby Vieira Peixoto e nove filhos.

sábado, 15 de novembro de 2008

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES É PERFEITAMENTE LEGÍTIMA


Nas práticas médicas de todas as especialidades , o transplante de órgãos é a que demonstra com maior clareza a estreita relação entre a morte e a nova vida, o renascimento das cinzas como Fênix: o mitológico pássaro símbolo da renovação do tempo e da vida após a morte.(1)A temática "doação de órgãos e transplantes" é bastante coetâneo no cenário terreno. Sobre o assunto as informações instrutivas dos Benfeitores Espirituais não são abundantes. O projeto genoma, as investigações sobre células-tronco embrionárias e outras sinalizam o alcance da ciência humana. Os transplantes , em épocas recuadas repletas de casos de rejeição, tornaram-se práticas hodiernas de recomposição orgânica. O esmero "in-vivo" de experiências visando regeneração de células e a perspectiva de melhoria de vida caminham adiante , em que pese às pesquisas ensaiarem, ainda, as iniciantes marchas. Isso torna auspiciosa a expectativa da ciência contemporânea. Contudo, o receio do desconhecido paira no imaginário de muitos. Alguns espíritas recusam-se a autorizar, em vida, a doação de seus próprios órgãos após o desencarne , alegando que Chico Xavier não era favorável aos transplantes. Isso não é verdade! Mister esclarecer que Chico Xavier quando afirmou "a minha mediunidade, a minha vida, dediquei à minha família, aos meus amigos,ao povo. A minha morte é minha. Eu tenho este direito. Ninguém pode mexer em meu corpo; ele deve ir para a mãe Terra", fê-lo porque quando ainda encarnado Chico recebeu várias propostas [inoportunas] para que seu cérebro fosse estudado após sua desencarnação. Daí o compreensível receio de que seu corpo fosse profanado nesse sentido. Não podemos esquecer que se hoje somos potenciais doadores, amanhã, poderemos ser ou nossos familiares e amigos potenciais receptores. "Para a maioria das pessoas, a questão da doação é tão remota e distante quanto à morte. Mas para quem está esperando um órgão para transplante, ela significa a única possibilidade de vida!"(2) Joanna de Angelis sabendo dessa importância ressalta "(...) Verdadeira bênção, o transplante de órgãos concede oportunidade de prosseguimento da existência física, na condição de moratória, através da qual o Espírito continua o périplo orgânico. Afinal, a vida no corpo é meio para a plenitude - que é a vida em si mesma, estuante e real" (3)Em entrevista à TV Tupi em agosto de 1964, Francisco Cândido Xavier comenta que o transplante de órgãos, na opinião dos Espíritos sábios é um problema da ciência muito legítimo , muito natural e deve ser levado adiante. Os Espíritos, segundo Chico Xavier - não acreditam que o transplante de órgãos seja contrário às leis naturais.Pois é muito natural que, ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com proveito. (4)A doação de órgãos para transplantes é perfeitamente legítima. Divaldo Franco certifica: se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças as conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada(5)Não há, também, reflexos traumatizantes ou inibidores no corpo espiritual, em contrapartida à mutilação do corpo físico. O doador de olhos não retornará cego ao Além. Se assim fosse, que seria daqueles que têm o corpo consumido pelo fogo ou desintegrado numa explosão?(6) Quando se pode precisar que uma pessoa esteja realmente morta? conforme a American Society of Neuroradiology morte encefálica é o estado irreversível de cessação de todo o encéfalo e funções neurais, resultante de edema e maciça destruição dos tecidos encefálicos apesar da atividade cardiopulmonar poder ser mantida por avançados sistemas de suporte vital e mecanismo e ventilação".(7)A grande celeuma do assunto é a morte encefálica, na vigência da qual órgãos ou partes do corpo humano são removidos para utilização imediata em enfermos deles necessitados. Estar em morte encefálica é estar em uma condição de parada definitiva e irreversível do encéfalo, incompatível com a vida e da qual ninguém jamais se recupera.(8) Havendo morte cerebral, verificada por exames convencionais e também apoiada em recursos de moderna tecnologia, apenas aparelhos podem manter a vida vegetativa, por vezes por tempo indeterminado. É nesse estado que se verifica a possibilidade do doador de órgãos "morrer" e só então seus órgãos podem ser aproveitados - já que órgãos sem irrigação sangüínea não servem para transplantes. Seria a eutanásia? Evidentemente que caracterizar o fato como tal carece de argumentação científica (...) para condenarem o transplante de órgãos: a eutanásia de modo algum se encaixaria nesses casos de morte encefálica comprovada.(8)A medicina, no mundo todo, tem como certeza que a morte encefálica, que inclui a morte do tronco cerebral(10) só terá constatação através de dois exames neurológicos, com intervalo de seis horas, e um complementar. Assim, quando for constatada cessação irreversível da função neural, esse paciente estará morto, para a unanimidade da literatura médica.Questão que também amiudemente é levantada é a rejeição do organismo após a cirurgia. Chico Xavier nos vem ao auxílio, explicando: André Luiz considera a rejeição como um problema claramente compreensível, pois o órgão do corpo espiritual está presente no receptor. O órgão perispiritual provoca os elementos da defensiva do corpo, que os recursos imunológicos em futuro próximo, naturalmente, vão suster ou coibir.(11) Especialistas, a partir 1967, desenvolveram várias drogas imunossupressoras (ciclosporina, azatiaprina e corticóides), para reduzir a possibilidade de rejeição, passando então os receptores de órgãos a terem uma maior sobrevida.(12) Estatisticamente, o que há é que a taxa de prolongamento de vida dos transplantes é extremamente elevada. Isso graças não só às técnicas médicas, sempre se aperfeiçoando, mas também pelos esquemas imunossupressores que se desenvolveram e se ampliaram consideravelmente, existindo atualmente esquemas que levam a zero por cento (0%) a rejeição celular aguda na fase inicial do transplante, que é quando ocorrem.(13)André Luiz explica que quando a célula é retirada da sua estrutura formadora, no corpo humano, indo laboratorialmente para outro ambiente energético, ela perde o comando mental que a orientava e passa, dessa forma, a individualizar-se; ao ser implantada em outro organismo [por transplante, por exemplo], tenderá a adaptar-se ao novo comando [espiritual] que a revitalizará e a seguir coordenará sua trajetória.(14) Condição essa corroborada por Joanna de Angelis quando expõe: (...) transferido o órgão para outro corpo, automaticamente o perispírito do encarnado passa a influenciá-lo, moldando-o às suas necessidades, o que exigirá do paciente beneficiado a urgente transformação moral para melhor, a fim de que o seu mapa de provações seja também modificado pela sua renovação interior, gerando novas causas desencadeadoras para a felicidade que busca e talvez ainda não mereça.(15)Os Espíritos afirmaram a Karedc que o desligamento do corpo físico é um processo altamente especializado e que pode demorar minutos, horas, dias, meses.(16) Embora com a morte física não haja mais qualquer vitalidade no corpo, ainda assim há casos em que o Espírito, cuja vida foi toda material, sensual, fica jungido aos despojos, pela afinidade dada por ele à matéria. (17) Todavia, recordemos de situação que ocorre todos os dias nas grandes cidades: a prática da necrópsia, exigida por força da Lei, nos casos de morte violenta ou sem causa determinada: abre-se o cadáver, da região esternal até o baixo ventre, expondo-se-lhe as vísceras tóracoabdominais.(18) Não se pode perder de vista a questão do mérito individual. Estaria o destino dos Espíritos desencarnados à mercê da decisão dos homens em retirar-lhes os órgãos para transplante, em cremar-lhes o corpo ou em retalhar-lhes as vísceras por ocasião da necrópsia?! O bom senso e a razão gritam que isso não é possível, porquanto seria admitir a justiça do acaso e o acaso não existe!(19)Em síntese a doação de órgãos para transplantes não afetará o espírito do doador, exceto se acreditarmos ser injusta a Lei de Deus e estarmos no Orbe à deriva da Sua Vontade. Lembremos que nos Estatutos do Pai não há espaço para a injustiça e o transplante de órgãos (façanha da ciência humana) é valiosa oportunidade dentre tantas outras colocadas à nossa disposição para o exercício da amor.

Jorge HessenE-Mail: jorgehessen@gmail.comSite: http://jorgehessen.net/

FONTES:1- Mário Abbud Filho Ex-Presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. Presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São José do Rio Preto.Membro da American Society Transplant Physician. Membro da International Transplantation Society, disponível acesso em 12/04/20052- In Doação de Órgãos e Transplantes de Wlademir Lisso / Cleusa M. Cardoso de Paiva, disponível acesso em 15/04/20043- Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, Ditado pelo Espírito Joanna de Angelis. Salvador/Ba: Ed. LEAL, 1999, Cf. Cap. Transplantes de Órgãos4- Publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°385- Franco, Divaldo Pereira. Seara de Luz, Salvador: Editora LEAL [o livro apresenta uma série de entrevistas ocorridas com Divaldo entre 1971 e 1990.]-6- Simonetti, Richard. Quem tem medo da morte? - São Paulo /SP: Editora Lumini ,20017- In: "Dos transplantes de Órgãos à Clonagem", de Rita Maria P.Santos, Ed. Forense, Rio/RJ, 2000, p. 418- Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998 9- Idem10- O tronco cerebral, e não o coração, é reconhecido como o organizador e "comandante" de todos os processos vitais. Nele está alojada a capacidade neural para a respiração e batimentos cardíacos espontâneos; sem tronco ninguém respira por si só.11- Cf. Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°3812- Folha de S.Paulo, A3, "Opinião", 15.Maio.200113- Entrevista com o Prof. Dr. Flávio Jota de Paula Médico da Unidade de Transplante Renal do HC/FMUSP. 1º Secretário da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Diretor da I Mini Maratona de Transplantados de Órgãos do Brasil. Publicado em Prática Hospitalar ano IV n º 24 nov-dez/200214- Xavier, Francisco Cândido. Evolução em dois Mundos - Ditado pelo Espírito André Luiz. 5ª Ed. Rio de Janeiro, RJ: Ed FEB, 1972, cap. "Células e Corpo Espiritual"15- Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, Ditado pelo Espírito Joana de Angelis. Salvador: Ed. LEAL, 199916- Kardec, Allan,. O Livros dos Espíritos, RJ: Ed FEB/2003, questão n° 155, Cap. XI.17- Kühl Eurípedes DOAÇÃO DE ÓRGÃOS TRANSPLANTES Entrevista Virtual disponível acesso em 24/04/200518- Cf. Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998 19- Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Bem vindo!